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    Solidariedade

    Escolinha que formou Vini Jr, em SG, manda mensagem de apoio

    Jogador foi vítima de racismo novamente na Espanha

    Publicado 22/05/2023 às 18:56 | Atualizado em 22/05/2023 às 19:41 | Autor: Gabriel Villa Nova
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    Ivan Júnior é professor na escolinha e treinou Vinícius Júnior na infância
    Ivan Júnior é professor na escolinha e treinou Vinícius Júnior na infância |  Foto: Lucas Alvarenga

    Como não poderia ser diferente do resto do Brasil e do mundo, a indignção tomou conta, nesta segunda-feira (22), da escolinha de futebol onde Vini Jr. começou e foi revelado em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Ivan Júnior, de 32 anos, é professor da escolinha e treinou Vini Jr. quando ele tinha apenas 13 anos de idade. O profissional relatou que ficou triste e abalado por mais um caso de racismo sofrido pelo brasileiro.

    "Eu que conheço o Vini desde pequeno, ver uma situação dessa é muito triste e inadmissível. É surreal que este tipo de situação ainda ocorra, já no ano de 2023. Não dá pra aceitar tudo isso", contou.

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    Perguntado sobre como a unidade orienta os seus alunos para combater o racismo, Ivan destaca que eles tentam blindar ao máximo cada um deles, mas que, infelizmente, isso ainda ocorre rotineiramente.

    "Nós aqui tentamos orientá-los a como agir nessas situações, é meio difícil, ainda mais hoje em dia na era das redes sociais, muito ódio destilado por aí, viemos de uma pandemia agora, onde muitos enfrentaram problemas além do racismo. Orientamos para que se algum deles sofrer alguma coisa do tipo, que nos avise, para que possamos ajudar. Temos que saber lidar com a situação, combater e ser forte contra tudo isso", explicou.

    Poucas horas após a situação, a escolinha onde Vini Jr deu seus primeiros chutes, voltou à sua rotina de treinos normalmente. Mas claramente percebeu-se que o clima ainda era um pouco receio e poucas palavras entre os alunos.

    Alunos treinaram nesta segunda-feira
    Alunos treinaram nesta segunda-feira |  Foto: Lucas Alvarenga

    Ainda sobre Vini, ele relatou que nunca presenciou, em anos de trabalho, algo do tipo em sua escolinha. Segundo o professor, os maiores casos estão na Europa e, principalmente, na Espanha, onde o atacante atua. 

    "Você vê que não é um caso isolado. Esta já é, sei lá, a décima vez que Vinícius Júnior sofre racismo lá e nada é feito. Então já virou algo pessoal, uma perseguição ao Vini. Lá não tem uma punição severa e ainda o tratam como o culpado. Dá pra lembrar de casos rápidos com outros brasileiros lá, como o Luís Fabiano, o Daniel Alves, até mesmo Ronaldinho. Então percebe-se que é algo cultural deles", contou.

    Indignado, Ivan pede que as autoridades tomem uma atitude sobre casos graves, como este.

    Aspas da citação
    Algo precisa ser feito, uma atitude precisa ser tomada. Espero que as Federações, a Fifa, os clubes, façam alguma coisa. Ficar só nas palavras não adianta, por mais que conforte a vítima. Mas uma medida séria precisa ser levada a esses agressores e racistas",
    pediu Ivan
    Aspas da citação
      

    Por fim, mas não menos importante, o ex-professor de Vini deixou um recado para atleta, lembrando de tudo o que já passou até chegar no topo e realizar o grande sonho da vida dele.

    "Nós aqui estamos em contato com o Vini quase que diariamente, semanalmente. Ele já passou por tanta dificuldade e tenho certeza que ele vai passar por mais essa. Por mais duro e dolorido que seja, ele não pode perder o encanto. Porque ele é e sempre foi esse menino brincalhão, alegre, feliz e que tem uma qualidade absurda. Ele tem uma cabeça muito boa. Estamos com você, Vini! Continue sendo esse menino que sempre foi. Muitos aqui se espelham em você", finalizou Ivan.

    Aspas da citação
    Estamos com você, Vini! Continue sendo esse menino que sempre foi. Muitos aqui se espelham em você",
    expressou Ivan
    Aspas da citação
      

    Vini Jr. se manifestou novamente

    Na tarde desta segunda-feira (22), Vinícius Júnior voltou a se manifestar sobre o caso e dessa vez ele postou um vídeo em suas redes sociais exibindo os constantes casos de racismo que vêm sofrendo na Espanha.

    Vini Jr. também condenou a impunidade no futebol do país, além de questionar e cobrar as entidades, que estão tratando como "caso isolado".

    Por fim, ele também pediu um posicionamento da La Liga (Campeonato Espanhol), pedindo um posicionamento mais rígido. O brasileiro não esqueceu de questionar os patrocinadores, pedindo punições esportivas aos clubes com as torcidas que insultaram o atacante.

    "A cada rodada fora de casa uma surpresa desagradável. E foram muitas nessa temporada. Desejos de morte, boneco enforcado, muitos gritos criminosos... Tudo registrado", escreveu Vini Jr.

    Mas o discurso sempre cai em “casos isolados”, “um torcedor”. Não, não são casos isolados. São episódios contínuos espalhados por várias cidades da Espanha (e até em um programa de televisão).

    As provas estão aí no vídeo. Agora pergunto: quantos desses racistas tiveram nomes e fotos expostos em sites? Eu respondo pra facilitar: zero. Nenhum pra contar uma história triste ou pedir aquelas falsas desculpas públicas.

    O que falta para criminalizarem essas pessoas? E punirem esportivamente os clubes? Por que os patrocinadores não cobram a La Liga? As televisões não se incomodam de transmitir essa barbárie a cada fim de semana?

    O problema é gravíssimo e comunicados não funcionam mais. Me culpar para justificar atos criminosos também não.

    Não é futebol. É desumano!", escreveu Vini Jr.

    Mais apoio

    A escolinha, no entanto, não foi a única a se solidarizar com Vini Jr. A Prefeitura de São Gonçalo, cidade onde nasceu o atacante, também se manifestou sobre o ocorrido e prestou total apoio.

    "Força @vinijr! São Gonçalo e o Brasil têm orgulho de você. Todo o nosso apoio e solidariedade pelos ataques racistas sofridos durante o jogo entre o Real Madrid e o Valencia, no último domingo (21). Que providências sejam tomadas. É preciso respeito e igualdade. Estamos com você!", diz a nota publicada nas redes sociais.

    Cristo Redentor se apagou em solidariedade

    O Cristo Redentor teve sua iluminação apagada por uma hora, nesta segunda-feira (22), em solidariedade ao jogador brasileiro Vinícius Júnior.

    "O Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor repudia os ataques racistas sofridos pelo jogador brasileiro Vinícius Júnior nesse domingo, 21 de maio, durante jogo entre Real Madrid e Valencia. Por isso, nesta segunda-feira, das 18h às 19h, o monumento ao Cristo Redentor terá a iluminação desligada como símbolo da luta coletiva contra o racismo e em solidariedade ao jogador e a todos os que sofrem preconceito no mundo inteiro", diz a nota.

    A ação é uma cooperação entre o Núcleo de Esporte e Fé do Santuário, a Confederação Brasileira de Futebol e o Observatório da Discriminação Racial no Futebol.

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