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    Revolta

    Entidades criticam derrubada de mural pela Polícia no Jacarezinho

    Memorial homenageava 28 vítimas mortas no ano passado

    Publicado 12/05/2022 às 18:08 | Atualizado em 12/05/2022 às 18:28 | Autor: Rômulo Cunha
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    Memorial foi derrubado por policiais na comunidade durante operação nesta quarta-feira (11)
    Memorial foi derrubado por policiais na comunidade durante operação nesta quarta-feira (11) |  Foto: Pcerj

    O Observatório Cidade Integrada emitiu uma nota nesta quarta-feira (11) criticando a derrubada de um memorial em homenagem aos mortos na operação realizada no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, que vitimou 28 pessoas, realizada no ano passado. Durante ação realizada nesta quarta, policiais civis retiraram as placas com os nomes dos mortos.

    O memorial foi inaugurado na última sexta-feira (6) quando completou um ano da operação. O policial civil André Leonardo Frias também foi executado no confronto e era um dos homenageados. De acordo com a nota do Observatório, a organização recebeu com surpresa a notícia da demolição.

    "O Memorial foi uma ação concreta para lembrar as 28 vidas perdidas durante a Chacina, sejam elas de civis ou policiais, vítimas da política de violência que os governos do Estado do Rio vêm aplicando contra a população de favela, em sua maioria composta por pessoas negras, ano após ano, por diferentes governantes que ocupam esta posição", diz o comunicado.

    A nota ainda destaca a violência como forma de controlar uma população vulnerável.

    "Enquanto a violência for a única resposta do Estado às populações vulnerabilizadas. a sociedade civil continuará se articulando em prol dos direitos humanos para defender estes espaços. Entretano, acreditamos que isso deverá ser feito através do diálogo e construção de políticas públicas em conjunto com instituições como a Defensoria Pública, como fizemos até este momento", completa o documento.

    Políticos e diversas instituições voltadas a minorias assinaram a nota. O Observatório Cidade Integrada é uma iniciativa de um conjunto de organizações que têm o objetivo de produzir dados sobre violações de direitos humanos e trazer a visão de moradores sobre o programa na favela do Jacarezinho. 

    Polícia Civil

    Agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e policiais da delegacia do Engenho Novo (25ª DP) retiraram a estrututura com auxílio de blindados e marretas. O material foi apreendido.  

    Segundo a Polícia Civil, o registro de ocorrência que definiu a diligência para retirada do memorial levou em consideração a apologia ao tráfico de drogas, uma vez que os 27 mortos tinham passagens pela polícia e envolvimento comprovado com atividades criminosas, além do fato de que a construção do mesmo não tinha autorização da Prefeitura do Rio de Janeiro.

    Ainda de acordo com a Civil, outro fato relevante que determinou a retirada do memorial é que a menção ao policial civil André Leonardo de Mello Frias com placa no memorial junto com o nome dos traficantes foi negada pela esposa do policial assassinado e tampouco teve autorização da família do agente.

    A Secretaria de Conservação do município do Rio de Janeiro informou, nesta quinta-feira (12), que “desconhece a iniciativa” de autorização para a Polícia Civil do estado demolir o memorial erguido na favela do Jacarezinho, na zona norte da cidade. Ele foi feito em homenagem às vítimas da operação policial ocorrida há um ano na comunidade e que ficou conhecida como chacina do Jacarezinho.

    A Seconserva também informou que desconhece iniciativa relacionada à construção do memorial.

    Operação

    Considerada a mais letal das operações realizadas no Rio, o saldo terminou em 28 mortos, entre eles o policial André Leonardo Frias, e foi alvo de controvérsias. O confronto completou um ano na semana passada. O Ministério Público denunciou mais dois policiais acusados de excessos nas mortes. 

    Na denúncia, foi pedido ao 2º Tribunal do Júri da Capital o afastamento dos agentes de suas funções públicas, no que diz respeito à participação em operações policiais, além de medidas cautelares previstas no art. 319, incisos II e III, do CPP.

    Segundo a Ação, o crime aconteceu quando os policiais civis entraram na residência onde Richard e Isaac estavam abrigados, após já terem sido baleados durante a troca de tiros.

    Após a operação, grupos e lideranças políticas e sociais fizeram um ato em frente à comunidade. Com faixas e camisas, os integrantes dos diferentes movimentos saíram às ruas para chamar a atenção das autoridades sobre, segundo eles, a política de mortes usada contra a população nas favelas.

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