Cidades
Empresa que defende o 'Faraó dos Bitcoins' pede esperança
Acusada de integrar um sistema de pirâmides financeiras, lesando diversos consultores, a G.A.S Consultoria - empresa de Glaidson Acácio dos Santos, agora tem um canal no Youtube para publicar vídeos e comunicados aos clientes. Já são mais de 15,3 mil inscritos. O único vídeo se aproxima de 50 mil visualizações.
Nesta segunda (8), a estreia da companhia no streaming foi marcada pelo pedido de "calma, fé e esperança" aos clientes prejudicados. Um casal de apresentadores, com trajes finos, surgiu em uma gravação externa lendo uma nota oficial do escritório de Advocacia Nelio Machado, que defende o CEO conhecido como 'Faraó dos Bitcoins'.
A carta é direcionada a "amigos, clientes e consultores". No decorrer da gravação, os comunicadores explicam que pagamentos aos clientes não podem ser feitos unicamente por decisão judicial.
"Isso significa que mesmo que os recursos estivessem disponíveis, a G.A.S., tampouco qualquer de seus consultores, não poderia realizar qualquer pagamento a clientes, nem mesmo a devolução do capital, em razão da decisão judicial", diz trecho.
Também é dito que a empresa tenta reverter o caso por meio dos recursos previstos na legislação.
"É preciso esclarecer e advertir que eventual descumprimento desta decisão judicial poderia, em tese, resultar em pedido de prisão preventiva de quaisquer pessoas físicas que porventura tenham participado da iniciativa, de modo que o desrespeito à decisão proferida pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio não é uma opção a ser considerada", leem os apresentadores.
Prisão do 'Faraó dos Bitcoins'
Deflagrada em 25 de agosto, a Operação Kryptus é resultado de investigação conjunta promovida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPF no Rio de Janeiro, Polícia Federal e Receita Federal.
Além da prisão de Glaidson, foram apreendidos diversos bens de propriedade da G.A.S, equipamentos de armazenamento de criptoativos e também realizados bloqueios nas contas bancárias da G.A.S e outras pessoas fisicas e juridicas até o montante de R$ 38 bi. Tudo isso foi lembrado no vídeo elaborado pela empresa de Glaidson.
De acordo com a apuração policial, a empresa GAS Consultoria e Tecnologia, com sede em Cabo Frio, na Região dos Lagos, operava um sistema de pirâmides financeiras, também chamado esquemas de Ponzi, envolvendo o mercado de moedas digitais.
A empresa prometia aos clientes um retorno mensal de 10% sobre o valor investido em criptomoedas, mas sequer tinha registro junto aos órgãos regulatórios para fazer as transações prometidas.
Seguindo um roteiro de boas práticas de investigações elaborado em 2019 pela Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla), os criptoativos apreendidos na operação foram temporariamente transferidos para uma conta aberta pelo Ministério Público Federal (MPF) numa corretora brasileira de bitcoins e criptomoedas.
Isso porque as moedas digitais, armazenadas em corretoras de valores ou carteiras frias ('cold wallets'), poderiam ser movimentadas pela organização criminosa, já que as transações são feitas sem intermediários, por meio de chaves privadas que podem ser recuperadas à distância.
Ainda na gravação compartilhada nesta segunda (8), a defesa ressalta, ainda, que no seu entender, a prisão de Glaidson, "além de desnecessária, torna mais difícil a tarefa de buscar solução consensual junto às autoridades, dadas as condições sabidamente precárias de comunicação que resultam da situação prisional", conclui.
Conforme o escritório de Advocacia Nelio Machado, assim que o acórdão proferido pela Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região for publicado levará ao Superior Tribunal de Justiça o pedido de liberdade de Glaidson.
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