Cidades
Empresa de ônibus de Niterói prestes a falir, denuncia sindicato
Funcionários da empresa de ônibus de Niterói, Ingá, denunciam atraso nos salários desde o fim do benefício emergencial disponibilizado pelo governo. A auto viação está em situação de pré-falência segundo o Sindicato os Trabalhadores dos Transportes Rodoviários de Passageiros de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac).
"Desde que o governo cortou o auxílio, em setembro, e eles tiveram que nos pagar integral, nossos salários estão muito atrasados. A gente não sabe quando vai receber, eles não avisam nada, estão escolhendo quem vão pagar", relatou um despachante da empresa que preferiu não se identificar.
Um motorista, com 21 anos de empresa, que preferiu não ter a identidade revelada, denunciou também que o pagamento do 13º salário foi parcelado em 10 vezes, além dos benefícios atrasados.
"Não recebemos o décimo, parcelaram em 10 vezes, pagaram só 55%, e não nos dão previsão para acertar o restante. Têm funcionários que ainda não receberam o salário referente ao pagamento do dia 5. Eu estou com duas férias vencidas, e faltam 6 meses para vencer a terceira. Além disso, eles também atrasaram nossa cesta básica, e depois a reduziram de R$ 280 para R$ 120", relatou.
Falência
O Sintronac confirma o atraso nos pagamentos e informa que já entrou em contato com a empresa e com o Ministério do Trabalho pra resolver a situação. O sindicato confirmou ainda que com o fim do benefício outras empresas normalizaram os pagamentos dos funcionários, mas a Ingá não.
O presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira, relatou que a empresa está em situação pré-falimentar, desde início da pandemia.
Ainda segundo o sindicato, o grupo Ingá é responsável também pelas empresas Rosana e Peixoto, e juntas integram o segundo lugar no ranking das empresas de ônibus do Estado que mais demitiram em 2020.
A justificativa da empresa, de acordo com o presidente, é que a auto viação está operando com 40% da capacidade, havendo assim uma queda de 60% no faturamento. Ainda em justificativa, eles informam que devido a população usuária de ônibus de Niterói ser de classe média, com a pandemia, muitos trabalhadores ficaram de home office, o que diminuiu a demanda nos ônibus.
Pandemia e prejuízo
Segundo a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), o setor de ônibus no estado do Rio perdeu R$ 1,7 bilhão em receita - o que representa um prejuízo de R$ 713 milhões, levando em consideração o período de março a junho de 2020, se comparado com 2019.
"Ainda não temos os números atualizados sobre a perda total do ano de 2020, mas a previsão é de que chegue a R$ 1,6 bilhão. Mesmo com o final do isolamento social, a situação não vai se normalizar a curto prazo", complementou o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj), em nota.
Ainda em nota o Setrerj declarou que se solidariza com as empresas que estão com dificuldades financeiras.
"O Setrerj se solidariza com as empresas do setor que estão passando por dificuldades para honrar seus compromissos e mais ainda com a situação dos funcionários, esperando que em breve a situação se resolva de forma a retomar o crescimento do setor", declarou.
Resposta
Procurada, a auto viação Ingá não se pronunciou sobre o caso.
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