Acolhimento
'Dever cumprido', diz pai do menino Henry ao inaugurar ONG no Rio
Leniel Borel vai acolher crianças e jovens vítimas de violência
O pai do menino Henry, Leniel Borel, inaugura nesta quarta-feira (19) um espaço no Recreio, na Zona Oeste do Rio, que vai acolher crianças e adolescentes vítimas de violência.
A associação, batizada com o nome do filho morto em março de 2021, vai prestar apoio com atendimento psicológico, psiquiátrico e psicopedagógicos, além de atividades socioeducativas. Todas as atividades, segundo ele, são feitas por profissionais voluntários.
Henry Borel foi morto aos quatro anos no dia 7 de março de 2021, na Barra da Tijuca. O padrasto do menino, o ex-vereador Jairo Souza, foi acusado de agredi-lo com a conivência da mãe, Monique Medeiros.
Os dois foram presos um mês depois do crime. Monique Medeiros foi solta em razão de uma decisão da Justiça, e segue em prisão domiciliar desde o último mês de agosto. Jairo segue em regime fechado.
Associação vai prestar atendimento psicológico, psiquiátrico e psicopedagógicos, além de atividades socieducativas
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Ao ENFOCO, Leniel contou que já estava com tudo criado para o projeto há um ano e sete meses e agora o sentimento é de dever cumprido.
Nada do que estou fazendo trará o Henry de volta, mas eu estou com a minha missão de ajudar outras crianças em situações de vulnerabilidade e é o que farei. Um dia eu estava com meu filho bem e no outro ele estava morto. Como uma criança maravilhosa como o Henry poderia morrer?
"O sentimento é de dever cumprido. Nada do que estou fazendo trará o Henry de volta, mas eu estou com a minha missão de ajudar outras crianças em situações de vulnerabilidade e é o que farei. O estatuto já estava criado, eu só nunca tive saúde para dar o 'start', enfrentando o processo contra os acusados da morte do Henry, com dificuldade para levantar da cama, tendo que fazer tratamento psicológico e psiquiátrico, sem ter meu filho aqui. Um dia eu estava com meu filho bem e no outro ele estava morto. Como uma criança maravilhosa como o Henry poderia morrer?", relatou.
Leniel ainda disse que dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) o ajudaram a entender que eram muitas as crianças que passam por violência sexual, física ou psicológica em casa.
"Na época da morte do Henry, dados do Unicef mostravam que 19 crianças eram assassinadas por dia no nosso país. Tivemos mais de 100 mil crianças mortas nos últimos quatro anos, fora os casos que não são contabilizados como assassinato e isso sempre me incomodou e fez a minha angústica crescer. Criamos, então, o Projeto de Lei Henry Borel, que foi aprovado em março e está para as crianças como a Lei Maria da Penha está para as mulheres, mas também continuei pensando na Associação Henry Borel, que estava parada e poderia ajudar pais, mães e crianças que passam por esse problema", disse ele.
Todo o dinheiro da ONG foi investido por Leniel, inclusive, o aluguel do espaço. Outras pessoas, no entanto, estão enxergando como a ideia do engenheiro pode mudar vidas e resolveram ajudar como voluntários. Leniel afirma que o sentimento para a inauguração da associação é um misto de ansiedade com orgulho.
Quem quiser conhecer o espaço, ajudar o projeto financeiramente ou fazer denúncias pode ir diretamente na Associação Henry Borel, que fica localizada na Av. Salvador Allende, 6700 - Loja 115 Shopping Bandeirantes - Recreio dos Bandeirantes - Rio de Janeiro. Uma outra forma de contato pode ser pelo site do projeto, pelo Instagram ou pelo Whatsapp no número (21) 97381-2766.
Caso Henry Borel
Henry Borel tinha apenas 4 anos de idade quando foi assassinado em março do ano passado dentro do apartamento onde morava, na Zona Oeste do Rio. O Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ), entrou com um recurso pedindo o restabelecimento da prisão da mãe do menino Henry Borel, a professora Monique Medeiros, solta em agosto. Já o padastro da criança, Jairo Souza, segue preso no Complexo de Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
Projeto
O projeto de Lei Henry Borel foi apresentado pelas deputadas Alê Silva (Republicanos-MG), Jaqueline Cassol (PP-RO) e Carla Zambelli (PL-SP). A proposta estabelece medidas protetivas específicas para crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica e aumenta a pena do homicídio contra menor de 14 anos se o crime for cometido por parente, empregador da vítima, tutor ou curador, ou se a criança for portadora de deficiência ou estiver em situação de vulnerabilidade por alguma doença.
O texto prevê ainda medida restritiva contra os agressores, que poderão ser afastados do convívio da criança ou do adolescente.
O projeto prevê ainda pena para quem deixar de denunciar a prática de violência contra criança ou adolescente, e cria uma rede de proteção com a participação de diversos órgãos, como delegacias, defensoria pública, serviços de saúde, centros de educação e de reabilitação de agressores, unidades de atendimento multidisciplinar e espaços para acolhimento familiar.
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