Danos
'Desesperado', diz morador que teve casa destruída na Baixada
Adutora se rompeu na madrugada desta terça-feira (28)
Cerca de 30 casas foram atingidas pela água após o rompimento da adutora que ocorreu no bairro Km 32, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, na madrugada desta terça-feira (28). O número é uma estimativa do secretário de Defesa Civil Jorge Ribeiro Lopes. Das 30 residências, cinco foram muito afetadas, contabilizando diversos estragos, como teto que caiu e portão levado pela correnteza.
Uma dessas casas é a do vendedor Vitor Moisés de Oliveira, de 23 anos, morador da Rua das Tulipas, que está interditada no momento. Na casa, ele mora com a mãe de 48 anos e os irmãos menores, um de 14 anos e uma menina de 11 anos.
“Cerca de 4h da manhã, acordamos com barulho de trovoada, assustados. Acordei desesperado, achei até que fosse chuva. Fui na cama da minha irmã e o teto tinha desabado em cima dela, o quarto da minha mãe desabou nela e foi o caos. Eu fiquei desesperado, sou o filho mais velho daqui, não sabia se salvava minha mãe ou meus irmãos primeiro. Quando sai na rua, a água já estava no joelho e tinha correnteza, com ondas. Coloquei minha irmã no chão, que eu tinha tirado lá de dentro, mas a água tava levando ela. Coloquei ela no predinho ali na casa dos vizinhos e voltei encarando a água para salvar minha família, nem sabia aonde eu estava pisando, correndo risco até de me cortar. Quando voltei para casa, já estava tudo tomando pelos entulhos. A casa começou a tremer com a pressão da água e quando saímos todos e estávamos na varanda, o telhado caiu de vez. Faltou pouco até para os postes daqui da esquina caírem e podíamos ter morrido eletrocutados”, disse ele.
Segundo os moradores, situações como essa já aconteceram anteriormente
“Essa não é a primeira vez. Meu maior desespero foi ver minha mãe passando por isso. Queria relatar também que um dia antes, eu vi a Águas do Rio aqui, já havíamos falado do que estava acontecendo, que já tínhamos problema do tipo e eles não fizeram nada, esperaram o pior acontecer para tomarem uma providência. É a terceira vez que eu passo por isso. Acontece do nada, na maior parte das vezes de noite, somos pegos de surpresa”, contou ele.
A mãe dele, Simone, está em estado de choque com a situação. Além de perder os itens da casa, a família perdeu bens materiais de um dos irmãos de Vitor que morreu.
O pior Deus não deixou acontecer, minha mãe é serva de Deus e sempre orou por nós. Eu podia ter acordado hoje com a família em óbito, então, Deus nos livrou. Mas, até quando vamos passar por isso? Perdemos tudo, geladeira, fogão, cama, perdemos até os pertences do meu irmão que morreu em 2013/2014, os troféus porque ele era jogador de futebol. É tristeza! Essa casa meu irmão que deu para ela quando jogava no Fluminense. Vai ser difícil de esquecer! Só não quero mais passar por isso”
A águas do Rio informou para eles que iriam tomar providências sobre o caso. Agentes da concessionária estavam no local tirando foto dos eletrodomésticos perdidos da família. “Fizeram boletins, registraram tudo, mas ainda não falaram nada para a gente se vamos para um abrigo. Estamos esperando por uma resposta. Ai tenho que sair daqui, que sou conhecido, querido por todos, que sempre morei aqui, aí tenho que sair daqui por causa dessa tragédia. Não consegui nem sair para trabalhar com isso”, contou ele.
Outro caso
A casa da família de Haidê de Almeida Gonçalves, de 62 anos, também foi atingida pela água. “Eu tinha 7 anos quando isso aconteceu pela primeira vez. Toda vez, a gente perde algo. Já perdi enxoval do meu filho, minha mãe que sempre morou aqui já não tinha mais fotos e documentos de nada porque uma vez a água levou tudo daqui. A gente vem sofrendo a longo prazo”, contou a professora.
O muro da casa dela foi destruído, assim como os portões de sua casa, que foram arrancados. Ela ainda perdeu alguns móveis que ficavam no primeiro andar da residência. Felizmente, a água não atingiu o segundo andar da casa.
“Eu não estava aqui quando tudo aconteceu, mas me ligaram falando. Quando eu cheguei, vi a árvore, uma goiabeira que acompanha a gente toda a vida passando pelos meus netos e filhos, destruída. Perdi muito mais emocionalmente. A perda material é ruim, nunca vai ressarcir como deveria, mas a questão emocional é pior, a casa onde minha mãe, que acabou de falecer, morava”, disse ela.
Segundo Haidê, a Águas do Rio disse que colocará um tapume inicialmente na casa dela e que depois tudo será ressarcido pela concessionária.
O que dizem as autoridades
O diretor executivo da Águas do Rio Felipe Esteves deu um posicionamento sobre o ocorrido em nome da empresa. Ele esteve no local aonde a adutora rompeu nesta terça-feira (28).
“A gente já iniciou o reparo na tubulação, estamos com efetivos de responsabilidade social atuando para fazer o cadastramento e verificar os danos. Estamos também sendo acompanhados pela Defensoria Pública. Agora, estamos fazendo a limpeza das vias e o reparo na maior brevidade possível para minimizarmos o impacto do desabastecimento, que vai atingir grande parte da Zona Norte, parte de São João de Meriti e Nilópolis. As causas do vazamento ainda seguem sendo investigadas”, contou.
O secretário de Defesa Civil Jorge Ribeiro Lopes também esteve no local e informou que não foram registradas vítimas fatais e que os danos serão arcados pela Águas do Rio.
Em nota, a concessionária informou que: “Um reparo na adutora Henrique de Novaes, na região de Nova Iguaçu, realizado pela concessionária Águas do Rio, afeta o abastecimento de água em bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (28).
Em função do serviço, o fornecimento de água está impactado nos bairros: Campo Grande, Bangu, Realengo, Jabour, Jardim Sulacap, Campo dos Afonsos e Senador Camará.
O fornecimento será retomado gradativamente após a finalização do serviço.
A orientação é para que os consumidores utilizem água de forma consciente e adiem tarefas não essenciais ou que exijam grande consumo neste período.”
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