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    Nostalgia

    De fichas ao abandono: o triste fim dos orelhões

    Equipamentos ainda existentes estão vandalizados

    Publicado 23/08/2025 às 7:17 | Autor: Tiago Souza
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    Orelhão tombado na Rua Jaime Figueiredo, esquina com a Avenida Santa Maria, no bairro Camarão, em São Gonçalo
    Orelhão tombado na Rua Jaime Figueiredo, esquina com a Avenida Santa Maria, no bairro Camarão, em São Gonçalo |  Foto: Lucas Alvarenga

    Por décadas, os orelhões foram essenciais para encurtar distâncias. Primeiro com uso de fichas, depois através de cartões. Mas com o avanço dos smartphones e da internet, os telefones públicos praticamente desapareceram das ruas. Ainda assim, eles seguem firmes e, em alguns casos, ainda necessários. Em São Gonçalo, na Região Metroplitana do Rio, o único orelhão existente na cidade foi vandalizado. O equipamento, instalado na Rua Jaime Figueiredo, esquina com a Avenida Santa Maria, no bairro Camarão, está destruído.

    Quem passa pelo local e se depara com a cena, não esconde o sentimento de tristeza. Como é o caso da moradora Victória Figueira.

    "É tiste ver um orelhão desta forma porque isso faz parte daquela época em que muita gente usava esse tipo de telefone para se comunicar. Não é do meu tempo, mas mesmo assim é uma coisa triste de se ver, pois as pessoas podiam valorizar mais esse equipamento que é histórico", disse.

    Orelhões pelo país

    Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o município de Maricá  conta apenas com dois orelhões, já em Niterói ainda existem 12. Atualmente há 40.917 orelhões espalhados por todo o país. 

    Além das ruas, ainda é possível encontrar telefones públicos em algumas delegacias, como na distrital do Fonseca (78ª DP).

    A doméstica Lilian Palmeira, de 48 anos, já não sabe mais o que é usar orelhão.

    “Ainda existe isso? Já não uso orelhão há décadas, ainda mais agora com esses planos das operadoras de celulares que ficaram melhores e bem mais em conta", disse.

    Orelhão em boas condições ainda pode ser encontrado da 78ª DP (Fonseca)
    Orelhão em boas condições ainda pode ser encontrado da 78ª DP (Fonseca) |  Foto: Lucas Alvarenga

    Júlio César da Costa, morador de Niterói, confessa que utilizou muito os telefones públicos para se comunicar com familiares e amigos.

    Aspas da citação
    Usei muito, foi um equipamento esencial para comunicação com a família e amigos
    Júlio César, morador de Niterói
    Aspas da citação

    Descartáveis ou essenciais?

    Aparelho instalado na  Rua Jonatas Botelho, no Cubango, em Niterói, ainda resiste ao tempo
    Aparelho instalado na Rua Jonatas Botelho, no Cubango, em Niterói, ainda resiste ao tempo |  Foto: Lucas Alvarenga

    Em comunidades rurais e regiões de difícil acesso, os orelhões continuam a desempenhar um papel importante. Eles são, muitas vezes, o único meio de contato com serviços de emergência, parentes distantes ou até autoridades.

    Além disso, o uso gratuito dos orelhões, determinado em alguns estados desde 2015, após queda na qualidade do serviço, ainda atrai uma parcela da população sem acesso constante à telefonia celular. Pessoas em situação de rua também estão entre os que ainda utilizam orelhões para ligações.

    Fim de uma era

    Apesar das tentativas de reinvenção, o futuro dos orelhões parece cada vez mais incerto. Com a chegada da tecnologia 5G, ampliação do acesso à internet, e programas de inclusão digital, a tendência é que a necessidade desses telefones públicos desapareça por completo nas grandes cidades.

    Ainda segundom a Anatel, com a evolução da tecnologia e as novas necessidades da sociedade, além do fim próximo dos contratos de concessão da operadora Oi, atual responsável pelos orelhões em todos o país, tornou-se necessário discutir o atual modelo de concessão. O objetivo é estimular investimentos em redes de banda larga, entre outros avanços.

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    Tiago Souza

    Tiago Souza

    Repórter sob Supervisão

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