Cidades
Comerciantes autônomos à espera de um milagre em Itaboraí
Ambulantes que trabalham na Avenida Amelia Saraiva, no Centro de Itaboraí, aguardam há, pelo menos, oito anos pela instalação do Centro de Comércio Popular (CCP).
O espaço é uma antiga promessa de organizar e legalizar a atividade dos vendedores informais, além de permitir que as calçadas das redondezas ficassem livres para os pedestres. Compromisso que atravessa gestões sem qualquer resolução.
As obras do CCP na Avenida 22 de Maio continuam inacabadas, desde 2013, quando a cidade tinha como prefeito Helil Cardozo, passando pela administração do ex-prefeito Sadinoel Souza até o atual Marcelo Delaroli.
O andamento das obras no espaço, a poucos metros de distância do atual local de trabalho dos ambulantes, segue inalterado neste primeiro ano de Delaroli.
Até esta terça-feira (14), a fachada ainda se encontrava inacabada e com pichações. O lado de dentro, segundo comerciantes que já visitaram o espaço, também carece de obras.
A justificativa do governo sobre a pausa prolongada nos serviços é que técnicos da Secretaria Municipal de Serviços Públicos fizeram uma auditoria no antigo contrato e acusam irregularidades cometidas pelas antigas gestões. Entre elas: insegurança jurídica, questões processuais e impasse com a construtora.
Em nota a prefeitura informa que 'imediatamente, a nova gestão da Prefeitura de Itaboraí retomou a posse do terreno por parte da empresa, está reavaliando o projeto original para assim disponibilizar um novo equipamento público para que possa atender os anseios da população'.
No entanto, o Executivo não ofereceu qualquer prazo para a reavaliação e quando pretende dispobilizar o espaço.
Camelô legal
Segundo a prefeitura, a ideia é que o Centro de Comércio Popular tenha três pavimentos, com 138 boxes, sendo 112 com metragem de 1,25m x 2,50m cada, e o restante destinado para a venda de alimentos, medindo 2m x 2m cada.
O projeto original inclui rampas de acessibilidade e um sistema de segurança e infraestrutura adequados ao empreendimento. Outros CCPs também eram prometidos pela Prefeitura de Itaboraí, em Manilha e Apolo, dentro do projeto Camelô Legal.
À espera de um milagre
O microempresário Ezimar Pinto, de 46 anos, sonha em ter o espaço inaugurado. Ele diz que 'seria bom' por conta da segurança, além da proteção contra eventos climáticos.
"Seria ótimo porque aqui na rua é sol e chuva o tempo todo. Ali seria um ponto muito bacana. Levantar e fechar porta não tem preço. Deveria ter mais celeridade nas obras. Acabando 2021, ano que vem seria uma boa. Já está mais do que na hora da gente parar de sofrer"
Ezimar atuou na presidência da Acaita, associação que responde pelos ambulantes na cidade. Ele diz que cerca de 65 pessoas são regularizadas na prefeitura, mas que a fila ainda é grande em busca de oportunidades.
"Mais de cem pessoas já fizeram fichas querendo oportunidade para trabalhar. Se lá [CCP] estivesse funcionando, já daria para colocar. Mas também tem que ter um termo: pra gente ir pra lá, não pode ter camelô na rua porque pode prejudicar nas vendas"
Atualmente os ambulantes investem R$ 5 na Acaita. Também é cobrado R$ 20, por mês, para serviços de vigilância das barracas, entre os horários de 21h às 6h. Recentemente, as barracas tiveram que ser padronizadas, a custo próprio, por determinação da prefeitura.
Quando anunciou a construção do CCP, a Prefeitura de Itaboraí informou aos ambulantes que o objetivo era tirá-los da informalidade, transformando-os em microempreendedores, inclusive com a liberação de crédito para a aquisição de equipamentos.
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