Cidades
Carnaval no Rio: blocos de embalo pedem incentivo aos desfiles da Avenida Chile
O carnaval dos blocos de embalo na Avenida Chile, que reúne agremiações tradicionais como Cacique de Ramos e Bafo da Onça, foi o tema da audiência pública realizada nesta quarta-feira (3) pela Comissão Especial de Carnaval da Câmara Municipal do Rio, presidida pelo vereador Tarcísio Motta (PSOL).
Entre os assuntos, os representantes dos blocos e do Poder Público debateram subsídios para garantir os desfiles de 2022, a possível mudança do percurso para a Avenida Graça Aranha, gestão do trânsito e investimentos nas quadras dos blocos de embalo.
Uma das maiores dúvidas dos representantes das agremiações foi em relação à concessão de incentivos para o carnaval de 2022. Para Carla Wendling, conselheira na cadeira de Carnaval do Conselho Municipal de Política Cultural, as agremiações precisam ter certeza se terão recursos para o financiamento de seus desfiles.
"Existe de fato uma urgência para a concessão do fomento. O governo tem que agir. A proposta já tem que estar desenhada".
Representando o Cacique de Ramos, Marcio Nascimento falou sobre a dimensão da estrutura de um dos mais importantes blocos da cidade do Rio.
"O Cacique de Ramos leva à avenida cerca de 5 mil pessoas. Temos carros alegóricos e 300 integrantes da bateria. A volta do subsídio vai impactar a nossa vida o ano inteiro".
Roberto Saldanha Capilé, presidente do Bafo da Onça, também mencionou a redução da verba para o carnaval dos blocos da Avenida Chile.
"É muito sacrifício colocar um bloco na rua. Não podemos ficar sem a verba do Estado, mas ela precisa ser melhorada. Sem dinheiro, muitos blocos desistiram de desfilar", revela Capilé.
Representando a presidente da Riotur, Daniela Maia, o diretor de Operações Rafael Bandeira garantiu que já existem discussões na empresa sobre a retomada do apoio financeiro aos blocos.
"Estamos vendo no orçamento da Prefeitura do Rio o melhor formato para atender o carnaval de 2022, mas de maneira responsável com a questão fiscal", adianta. Para a próxima audiência pública, agendada para 19 de novembro, Tarcísio Motta cobrou da Riotur um detalhamento maior sobre a questão, com a definição dos valores que deverão ser disponibilizados.
"A comissão faz a fiscalização do papel do Poder Público e ouve a sociedade civil, para que o carnaval seja um direito à cultura e contra o ódio, para que possamos ter um carnaval feliz em 2022, mas com muita segurança sanitária", destaca Tarcísio Motta.
Mudança de desfiles
Os integrantes das agremiações ainda pediram a volta dos desfiles dos blocos para a Avenida Graça Aranha. Claudio Cruz, do Embaixadores da Folia, criticou a realização dos desfiles na Avenida Chile, e afirmou que melhorar a estrutura do local não é a solução.
"Não adianta a Prefeitura do Rio querer colocar uma arquibancada melhor ou banheiros químicos. Existe uma passagem no local, que impede o deslocamento de caminhões de som. A estrutura da via é larga para o que se pretende. Gastamos muito dinheiro para desfilar apenas 200 metros", lista.
Em 2016, com a inauguração do Boulevard Olímpico e o fechamento do trecho final da Avenida Rio Branco para o trânsito, a alternativa de desfile na Graça Aranha foi perdida, de acordo com Marcello Marinho Berenger Vianna, coordenador Técnico Regional de Tráfego da AP-1 da Cet-Rio. O gestor falou ainda das dificuldades sob o ponto de vista do tráfego.
"A proposta da Cet-Rio é buscar alternativas viáveis para todos os eventos, que ocorrem de forma simultânea".
Para Luiz Gustavo Mendonça de Oliveira, coordenador Geral de Operações da CET-Rio, a mudança de local é complexa. Ele explicou que, com a inauguração do Boulevard, a Graça Aranha passou a ser a rota que complementa a Avenida Rio Branco.
"Interromper a Graça Aranha é interromper a ligação da Rio Branco". O gestor se comprometeu a atender as demandas de ajustes em relação à Avenida Chile, e mostrar as dificuldades que a cidade teria em caso de migração do desfile para a Avenida Graça Aranha.
Apoio à quadras
Entre outros assuntos, a comissão ainda tratou da cessão de recursos para a preservação das quadras dos blocos de embalo.
"Blocos, como o Cacique de Ramos e o Bafo da Onça, são patrimônios da cultura carioca e referências comunitárias em suas regiões. É preciso investir em política de preservação das estruturas das quadras", destaca Tarcísio Motta.
Para a questão, Rafael Bandeira, da Riotur, prometeu que a empresa, junto com representantes das agremiações, fará visitas aos locais para identificar as necessidades das entidades e otimizar o trabalho dos profissionais que vivem do carnaval.
No próximo dia 19 de novembro, a Comissão Especial do Carnaval vai realizar sua última audiência pública em 2021, após ter debatido temas como a pandemia no carnaval, carnaval de rua e carnaval no Sambódromo. Próximo a 2 de dezembro, quando se comemora o Dia do Samba, o colegiado deverá lançar seu relatório com recomendações.
Participaram também da audiência pública a vereadora Monica Benício (PSOL); o presidente da Federação dos Blocos Afro do Rio de Janeiro, Paulo Cesar Xavier; o representante da Liga Independente dos Blocos de Embalo do Estado do Rio de Janeiro, Mauro Jorge de Souza; e o representante da OAB-RJ, André Vasserstein.
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