Cidades
Câmara de Niterói acionada contra ciclovia do caos da Região
Prefeitura minimiza impactos das obras
O debate sobre a ciclovia da Avenida Almirante Tamandaré, em Piratininga, na Região Oceânica de Niterói, alvo de protestos por parte dos moradores da região, vai ganhar as tribunas da Câmara de vereadores.
Isso porque uma reunião com o presidente da Casa, Milton Cal (PP), está marcada para esta quarta-feira (9), às 14h, para debater o possível interrompimento nas obras e reforçar o pedido com a prefeitura.
Apesar da insatisfação dos moradores, as obras já estão na reta final, com entrega prevista para o final de fevereiro, segundo afirma a Prefeitura de Niterói.
Uma nova manifestação também está sendo programada contra as intervenções, que segundo queixas, continuam interferindo no trânsito do bairro, principalmente aos finais de semana, com o aumento no número de veículos em direção às praias.
A intenção de quem passa pelo trecho é que o governo municipal cesse as obras, para que haja mais espaço aos veículos que trafegam pela via. No entanto, a Coordenadoria Niterói de Bicicleta desconversa sobre a proposta.
“A gente vem lutando pelas melhorias nos nossos bairros, seja Camboinhas ou Piratininga, preocupados porque temos muitos idosos. E eu tenho certeza que quando eles precisarem de socorro, de uma ambulância, do carro dos bombeiros, não vão ter, porque fica tudo engarrafado. Pretendemos, sim, fazer outra manifestação até que o prefeito nos escute”, diz Marcos Damásio, da comissão ‘Camboinhas Melhorias’.
A expectativa é que o encontro com o Legislativo possa surtir algum efeito com relação à reivindicação dos moradores da região.
“A nossa ideia é que ele [Milton Cal] atenda ao nosso pedido. Nossa diretoria já fez uma reunião para alinhar os pontos que serão abordados. Estamos na expectativa”, disse Maira Monteiro, representante da Amapi (Associação de Moradores e Amigos de Piratininga).
Diálogo
A Coordenadoria Niterói de Bicicleta disse ao Enfoco que a implantação da ciclovia na Avenida Almirante Tamandaré transforma a ciclofaixa já existente na via ’em um espaço segregado e seguro’ que garante que aquele espaço seja destinado ao ciclista, mas moradores continuam alegando dificuldades de locomoção de veículos e falta de diálogo.
“O que seria de importância é haver diálogo. A obra tinha que ser parada, mas continuaram. A conversa com o Milton Cal será para justamente passar esse transtorno e viabilizar uma pressão via Câmara para tentar nos ajudar. O que eu sempre falo nas audiências públicas é: por que não foi feita obra na entrada de Camboinhas, na rótula da entrada, para depois fazer a ciclovia em Piratininga? Mas isso não tem nem previsão”, diz Marcos Damásio.
Neste período de obras da ciclovia, minimiza a Prefeitura, a operação de tráfego foi reforçada com operadores da Niterói Transporte e Trânsito (NitTrans) ‘presentes ao longo de todo o dia para auxílio na fluidez do trânsito no local’, diz em nota.
Segundo a administração de Axel Grael (PDT), as obras vão permitir o acesso seguro por bicicleta ao bairro, conectando-se à ciclovia da Praia de Piratininga e à ciclofaixa da Avenida Doutor Acurcio Torres, através de uma via que hoje já recebe um número expressivo de ciclistas.
“É uma intervenção que está alinhada com a Política Nacional de Mobilidade Urbana, o Plano Diretor do município e o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável, que está em fase final de elaboração”, pontua a Prefeitura.
Ainda conforme o município, as ciclovias são parte do projeto de requalificação do sistema de transportes do bairro de Piratininga, que além do Parque Orla Piratininga, também receberá as obras da nova rótula de acesso a Camboinhas, para solucionar o maior gargalo no trânsito do bairro.
Um dos porta-vozes dos moradores da Região Oceânica, Marcos Damásio continua dizendo sobre o estreitamento da Avenida Almirante Tamandaré, que agora recebe a nova ciclovia.
“Está estreitando uma via de grande importância para o bairro. Causa impacto de mobilidade de maneira que fica inviável de trafegar aos finais de semana e dias de semana, no horário do rush: manhã e tarde. A ciclovia poderia ser realocada. Mas a prefeitura quer enfiar goela abaixo, sem escutar os moradores. Em Niterói, eles pegam uma via e tornam ela como ciclovia ou ciclofaixa e isso é totalmente errado. Não posso estreitar uma via já saturada pelo volume de carros. Pegar uma via com histórico de engarrafamento é um absurdo”, finaliza.
Uma audiência pública agendada para ocorrer na Escola Municipal Francisco Portugal Neves, em Piratininga, no próximo dia 21, vai discutir a Lei de Uso e Ocupação do Solo. O evento será uma outra chance da Amapi debater a possível retirada da nova ciclovia instalada no bairro.
“A gente espera que ajude, porque estarão presentes representantes da secretaria de Urbanismo, dentre outras secretarias. Eu acho pouco provável de conseguir, vão esperar mais acidentes, mais problemas, mas vamos tentar. Se a gente não conseguir um resultado ou mudar esse cenário, vamos continuar as manifestações. Já estamos programando”, encerra Maira Monteiro, da Amapi.
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!