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    Tragédia

    Calamidade pública: mais de 60 mortos em Petrópolis

    Os dados oficiais são do Corpo de Bombeiros do Rio

    Publicado 16/02/2022 às 16:40 | Autor: Ezequiel Manhães
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    Tragédia em Petrópolis contabiliza mais de 60 mortes.
    Tragédia em Petrópolis contabiliza mais de 60 mortes. |  Foto: Ledilson Paiva - Enfoco

    O silêncio nas imediações das ruas dos Ferroviários e Servidão Frei Leão, próximo à comunidade Alto da Serra, em Petrópolis, era interrompido apenas pelos gritos 'corpo', no início da tarde desta quarta-feira (16). O prenúncio da localização de mais vítimas do temporal que atingiu a cidade da Região Serrana do Rio.

    Os dados oficiais já revelam 67 óbitos, entre os quais, ao menos duas crianças cujas idades ainda não foram divulgadas. As informações estão sendo obtidas por meio do Instituto Médico Legal, com o trabalho dos oficiais do Posto Regional de Polícia Técnica e Científica da Polícia Civil.

    A moradora Marta Alves estava em casa sozinha quando tudo aconteceu, no final da tarde de terça, no Alto da Serra. O esposo estava em horário de trabalho. Ela, que tem dois filhos missionários na África, teve a sorte de conseguir sair a tempo da casa desabar na comunidade.

    Aspas da citação
    Eu perdi tudo. Estou com roupa emprestada das pessoas. Moro há 17 anos aqui, nunca imaginei isso. Uma família quase toda do lado da minha morreu
    Marta Alves moradora
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    Cenário devastador

    Tragédia em Petrópolis contabiliza mais de 60 mortes.
    Tragédia em Petrópolis contabiliza mais de 60 mortes. |  Foto: Ledilson Paiva - Enfoco

    No alto do morro, segundo moradores, dezenas de casas vieram ao chão. Não é possível contabilizar, alegam categoricamente. Até o início da tarde, famílias ainda estavam desaparecidas na região.

    As seis casas construídas em um terreno abaixo da comunidade também desabaram com a força da água e enxurrada de lama. Entre as vítimas soterradas, estaria uma criança de 4 anos. O cenário era devastador. 

    Apenas nesta região, ao menos dois corpos foram retirados por equipes da Defesa Civil durante a passagem da reportagem. 

    "Foi um dia normal de terça-feira, até a chegada da chuva torrencial no início da tarde", explicaram os moradores Enir Araújo, de 62 anos; e Antônio Carlos, 59. Eles moram em frente à comunidade que se esvaziou pela tragédia. O casal detalha o estrondo, ocorrido por volta das 17h. 

    “Estamos muito afetados psicologicamente. A minha prima, os filhos e o marido moravam ali. A minha vizinha, acharam o corpo hoje de manhã. Mas embaixo dessa lama tem muita gente. Essas placas vieram se retorcendo, dando estalos muito fortes”

    O empresário Renan Souza, de 31 anos, ainda não estimou o valor do prejuízo ao ter a loja de rações, na região Castelani, invadida pela lama. No local, era possível ver o carro dele preso na lama. Placas de concreto do teto na entrada do estabelecimento também caíram sobre o veículo. Perto dali, carros estavam amassados e irreconhecíveis.

    “Ainda não tenho ideia dos prejuízos. Os carros estavam estacionados na rua e conforme a água ia vindo, os carros desceram. Nos abrigamos em um apartamento em cima da loja. O telhado da entrada caiu. O estoque não tenho nem noção do que perdemos. O muro era alto, está tudo no chão”.

    Tragédia em Petrópolis contabiliza mais de 60 mortes.
    Tragédia em Petrópolis contabiliza mais de 60 mortes. |  Foto: Ledilson Paiva - Enfoco

    Abastecimento de água 

    A concessionária Águas do Imperador informou que o abastecimento nos distritos, assim como na maior parte da cidade, está normal, exceto nos bairros: Quitandinha, Cel Veiga, Alto da Serra, Centro, Estrada da Saudade, Siméria, Sargento Boening, Centenário, Fazenda Inglesa, Cascatinha, Retiro, Carangola, Vale dos Esquilos, Comunidade do Neylor, Comunidade São Luiz, Morin, Vila Felipe, Valparaíso e Parque São Vicente. 

    Alguns desses bairros estão sem energia, o que impede o funcionamento das bombas, e em outros locais as redes foram rompidas – especialmente as que atravessam os rios.

    Equipes técnicas estão trabalhando para restabelecer o sistema o mais rápido possível, mas não há previsão para conclusão dos reparos. A concessionária solicita aos moradores dessas regiões que usem água de forma consciente para evitar o desabastecimento.

    A concessionária informa ainda que, nesta quarta (16) a loja de atendimento presencial, localizada na Rua Irmãos D’Angelo, 52, Centro, não está funcionando, pois ficou inundada, assim como a sede da concessionária, na Rua Dr. Sá Earp, 84, Morin.

    Em caso de dúvida, entre em contato por um dos canais de relacionamento: WhatsApp (21) 972118064, site www.aguasdoimperador.com.br, aplicativo Cliente Águas, Chat Interativo (disponível no site e no aplicativo), ou pelo 0800 742 0422 (ligações gratuitas de telefones fixos, celulares e longa distância).

    Calamidade pública

    Até o momento, segundo a Prefeitura de Petrópolis, o município registra 258 ocorrências, sendo 213 por deslizamentos, 45 entre desabamentos, quedas de muros e árvores. As regiões do primeiro distrito foram as mais afetadas pelas chuvas que atingiram de forma expressiva a cidade na última terça-feira (15), quando houve um registro de cerca de 260 milímetros em seis horas, diz o governo local. 

    A prefeitura se solidariza com todas as famílias afetadas e em respeito a todas as vítimas fatais, decretou luto oficial por três dias

     

    A cidade está em alerta máximo, em estágio operacional de crise e foi decretado estado de calamidade pública em virtude do número de óbitos e ocorrências, que ainda podem aumentar. 

    O Governo do Estado oferece apoio com um efetivo que ultrapassa 300 oficiais do Corpo de Bombeiros, Exército, Aeronáutica, Defesa Civil do Estado, além de polícias Militar, Civil e Rodoviária. 

    No momento 372 pessoas estão sendo acolhidas em 33 pontos de apoio na cidade, que funcionam em escolas da rede pública, que hoje estão com as aulas suspensas. Nas estruturas, a população recebe todo o suporte de Assistentes Sociais, profissionais de Saúde, Educação, Agentes Comunitários, além da Defesa Civil. A Prefeitura realiza todo o atendimento às famílias e consolida as informações de pessoas desabrigadas e desalojadas. 

    O Governo Municipal orientou reforço nas equipes de todos os hospitais e unidades de saúde da rede pública. Da mesma forma, agentes de diferentes setores do governo - Obras, de Serviço, Segurança e Ordem Pública, Saúde, Educação, Assistência Social, de Planejamento, de Administração, além da COMDEP e CPTrans -  atuam no atendimento a vítimas e recuperação da cidade.  

    Entre as localidades em que houve registros de maior gravidade estão a 24 de Maio, Morro da Oficina, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Rua Uruguai, Rua Washington Luiz, Coronel Veiga, Vila Militar, Vila Felipe, Avenida Portugal e Rua Honorato Pereira.  Além do apoio com o efetivo, o Governo do Estado ainda oferece suporte com o fornecimento de colchonetes, alimentos, água, produtos de higiene pessoal e demais suprimentos necessários para atender as necessidades da população no momento.

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