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    Amarelou!

    Ônibus de graça em Magé? Só para alguns

    Moradores reclamam da precariedade do transporte na cidade

    Publicado 16/06/2025 às 7:00 | Atualizado em 16/06/2025 às 9:07 | Autor: Gabriel Villa Nova
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    Moradores pedem ampliação da frota
    Moradores pedem ampliação da frota |  Foto: Péricles Cutrim

    Dez dias após o lançamento do programa Tarifa Zero, que promete transporte gratuito em Magé, na Baixada Fluminense, moradores de alguns distritos, como Rio do Ouro e Suruí, seguem enfrentando dificuldades para se locomover. Embora o programa tenha sido apresentado como um avanço na mobilidade urbana do município, a realidade para quem vive nas áreas mais afastadas ainda é de espera, incerteza e precariedade.

    Segundo a própria Prefeitura de Magé, os novos ônibus gratuitos — conhecidos como "Amarelinhos" — têm o objetivo de complementar a frota do consórcio que já opera na cidade, e não substituir totalmente os serviços existentes.

    Além disso, a medida emergencial, anunciada pelo prefeito Renato Cozzolino, é uma resposta direta ao colapso no transporte público municipal, que tem sido caracterizado por atrasos de até duas horas, linhas desativadas e veículos sucateados.

    Conforme o decreto, o custeio da tarifa zero será feito com recursos próprios do orçamento municipal, além de possíveis repasses estaduais e federais. A gratuidade total na passagem tem como principais objetivos promover a inclusão social, facilitar o acesso à saúde, educação e trabalho, reduzir o uso de veículos individuais e garantir transporte digno às regiões mais carentes de Magé.

    Isso, no entanto, está longe de atender à demanda da população, especialmente em regiões que historicamente já sofrem com a baixa oferta de transporte público.

    De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, os novos veículos seguirão rotas definidas por estudos técnicos, priorizando áreas sem atendimento pelo atual contrato de concessão — que permanece em vigor, mas é insuficiente para as necessidades da cidade.

    A equipe do ENFOCO foi até o local e constatou a escassez do transporte nos distritos citados. Mesmo ainda sem o "Amarelinho", o ônibus pago demora cerca de uma hora para passar. Além disso, alguns moradores também reclamam da condição precária dos coletivos.

    Velhos problemas, novos trajetos

    Desde o último dia 3, dez ônibus amarelos começaram a circular em linhas que ligam Piabetá, Andorinhas e Cantinho da Vovó ao centro de Magé (1º distrito). Parte desses veículos são expressos, com menos paradas, e outra parte segue como paradores. Entretanto, moradores de áreas como Rio do Ouro e Suruí denunciam que essas linhas não contemplam seus trajetos diários.


    Aspas da citação
    Esperamos mais de uma hora por um ônibus velho, que já vem lotado. E, quando não passa, o jeito é ir a pé ou dar um jeito de conseguir carona”
    Celina Alves moradora de Rio do Ouro
    Aspas da citação
    • Escassez de veículos e demora são principais reclamações de passageiros
      Escassez de veículos e demora são principais reclamações de passageiros | Foto: Péricles Cutrim
    • Escassez de veículos e demora são principais reclamações de passageiros
      Escassez de veículos e demora são principais reclamações de passageiros | Foto: Péricles Cutrim
    • Escassez de veículos e demora são principais reclamações de passageiros
      Escassez de veículos e demora são principais reclamações de passageiros | Foto: Péricles Cutrim
    • Escassez de veículos e demora são principais reclamações de passageiros
      Escassez de veículos e demora são principais reclamações de passageiros | Foto: Péricles Cutrim
    • Escassez de veículos e demora são principais reclamações de passageiros
      Escassez de veículos e demora são principais reclamações de passageiros | Foto: Péricles Cutrim

    Realidade improvisada

    Com a escassez de veículos e a lentidão das linhas existentes, moradores têm recorrido a formas improvisadas para chegar ao trabalho, escola ou atendimento médico. Bicicletas, caronas em carroças e caminhadas longas são alternativas adotadas por muitos. Quem tem acesso a carro enfrenta outro problema: o custo elevado com combustível e manutenção, algo que nem todos conseguem sustentar.

    “A gente até se anima quando fala em ônibus gratuito, mas aqui continua do mesmo jeito. O 'Amarelinho' ainda não chegou aqui. A gente se sente esquecido. Não dá para depender desse sistema do jeito que está. Além de demorar muito, alguns ônibus que chegam estão em condições horríveis, bancos soltos, alguns sem ar-condicionado. No calor fica brabo. Mas por enquanto, é o que tem. As vezes preciso ir à Magé por algum compromisso, e depender desse transporte público, dessa demora, não dá", relatou o agricultor Silvio Ferreira, de 39 anos.

    Com isso, conforme os moradores, ficou claro que a princípio, com os 10 primeiros "Amarelinhos", não foi o suficiente para atender toda a população de Magé. A promessa é que mais 15 ônibus sejam entregues nos próximos meses.

    Procurada, a Prefeitura de Magé não retornou o nosso contato até o momento da publicação desta reportagem.

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    Gabriel Villa Nova

    Gabriel Villa Nova

    Jornalista

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