Avenida Roberto Silveira: o endereço do engarrafamento em Niterói

O trânsito em Niterói está cada vez mais caótico, e os motoristas reclamam de perder muito tempo nos engarrafamentos. O problema levou o Ministério Público do Rio a determinar que a Prefeitura de Niterói contrate mais guardas de trânsito para controlar o fluxo de carros nas vias. Além disso, o MP está exigindo concurso público para preenchimento das vagas. 

Motoristas que passam pela Avenida Roberto Silveira, em Icaraí, uma das principais vias do município, relatam o caos diário. Antes, havia lentidão somente nos horários de pico, mas os congestionamentos podem ser registrados a qualquer hora do dia, sem motivo aparente.

Marcos Vinicius Ramos, de 23 anos, que é motorista de aplicativo, diz que perde em média dez horas por dia no trânsito em Niterói. 

Está um caos, muito ruim mesmo. Está brabo demais. Tem que dar um jeito nesse trânsito urgente.

A estudante de Direito Bruna De Paula conta que pega ônibus todos os dias pela manhã pra ir ao trabalho e precisa sair pelo menos três horas antes para não se atrasar, pois só na Avenida Roberto Silveira fica parada, em média, uma hora.

“Eu acho que poderia ser bem melhor do que é, não vejo os guardas de trânsito atuando de fato, apenas parados em frente ao sinal. De manhã essa avenida fica um caos”, afirmou a estudante.

O economista João Paulo, de 74 anos, completou: “Eu acho que a atuação dos guardas de trânsito poderia ser bem melhor do que é, acho que eles praticamente ficam naquela de apitar quando o sinal fecha e quando abre. Dificilmente você vê uma atuação para melhorar o trânsito”.

Solução

O especialista em engenharia urbana, que também faz parte do Fórum de Mobilidade do Estado do Rio, Sergio Marcolini, explicou que o sistema viário de Niterói é limitado demais e não ter vias alternativas é um complicador. Isso porque a Avenida Roberto Silveira e sua continuidade na Marquês do Paraná recebem todo o trânsito da Zona Sul, da Região Oceânica e de Pendotiba em direção ao Centro de Niterói e à Ponte.

Segundo o especialista, a solução seria investir mais em transporte público de qualidade, porque não há mais o que fazer: apenas reduzir a quantidade de veículos na rua. Isso porque já existem três faixas disponíveis para os automóveis, uma exclusiva para os ônibus e uma ciclovia. 

"É por isso que eu defendo investimentos no sistema de transporte", pontuou engenheiro Sergio Marcolini

"Não há como evitar os congestionamentos que ocorrem pela manhã. Uma boa operação do trânsito é fundamental, mas não faz milagre, quando o número de veículos é superior à capacidade da via. A única solução para Niterói é a redução do número de veículos circulando nos horários de pico. Investindo no sistema de transporte público de qualidade para que o cidadão deixe seu carro em casa e use o transporte público nos deslocamentos diários", afirmou o engenheiro. 

Sergio Marcolini já foi presidente da Nittrans, que é a empresa de economia mista responsável pelo planejamento e gerenciamento do sistema de transportes e trânsito de.Niterói. Ele fez o projeto que tornou a Roberto Silveira de mão única. 

EsclareCIMENTOS

O Sindicato das empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj) esclareceu ao ENFOCO que os consórcios Transoceânico e Transnit operam o transporte municipal por ônibus de acordo com a orientação e o planejamento elaborados pela Prefeitura de Niterói.

As empresas associadas trabalham continuamente para oferecer o melhor atendimento aos seus clientes, contribuindo para a mobilidade da cidade. 

A Prefeitura de Niterói foi questionada em relação ao trânsito na Avenida Roberto Silveira, entretanto não obtivemos respostas até a publicação desta matéria.

Quando indagada sobre a ação do Ministério Público, o órgáo disse que a Secretaria Municipal de Urbanismo e Mobilidade tem adotado "todas as medidas de enfrentamento do contexto de crise dos transportes que vem atingindo as cidades brasileiras decorrentes da alta no preço do petróleo, redução da demanda por conta da pandemia e falta de novos coletivos para adquirir junto aos fabricantes".

"Dentre os esforços para manter o funcionamento e a qualidade do serviço, e evitar a retirada de ônibus de circulação, incluiu o congelamento da tarifa por 3 anos, que evitou repassar custos para os usuários", dizia a nota.