Cidades
Ambulante diz ter sofrido preconceito em shopping
O vendedor ambulante envolvido em um tumulto no início desta semana com três seguranças do shopping Bay Market, no Centro de Niterói, prestou queixa nesta sexta-feira (29) na Delegacia do Centro, a 76ª DP. O caso ganhou repercussão após um vídeo com as imagens da confusão viralizar na internet.
No registro de ocorrência o rapaz, de 19 anos, alegou que abordou uma cliente do shopping para oferecer algumas balas que ele estava vendendo quando um segurança o imobilizou com uma gravata (golpe aplicado por profissionais das artes marciais). Outros dois seguranças apareceram o ajudaram o colega de trabalho, mas ainda sem entender o que estava acontecendo.
Em seguida o ambulante reagiu de maneira inesperada indo para cima de um outro segurança, conforme o registro das imagens, que o agrediu com um chute nas costas. O tumulto durou pouco mais de 30 segundos e foi contido por alguns clientes do shopping.
"Uma advogada colocou a mão no meu ombro e disse que eu precisava ficar calmo. Todo mundo viu que eu não fiz nada e que não estava cometendo nenhum tipo de assalto, como eles alegaram. Simplesmente os seguranças decidiram me agredir porque eu estava vendendo minhas balas", disse o rapaz.
O ambulante, monitorado por tornozeleira eletrônica, contou ainda que já teve passagem pelo sistema carcerário e por isso encontra grandes dificuldades para conseguir emprego.
"Existe um certo preconceito para que algumas portas se abram para ex-presidiários. A única maneira que consegui para sustentar minha casa e conseguir pagar meu aluguel foi vendendo balas. É dessa forma que levo dinheiro para dentro de casa", desabafou o rapaz que é morador do Centro de Niterói, após deixar a comunidade do Morro de São Carlos, no Rio Comprido, região central carioca.
Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado na 76ª DP como Lesão Corporal. O ambulante foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) para exames de corpo de delito. A polícia deve convocar, nos próximos dias, os seguranças envolvidos no tumulto para que prestem esclarecimentos.
A Comissão de Direitos Humanos, da Criança e Adolescente da Câmara Municipal de Niterói, presidida pelo vereador Renatinho do PSOL (Psol), está apurando o caso juntamente com Ordem dos Advogados do Brasil de Niterói (OAB-Niterói).
Segundo a Comissão de Direitos da Câmara de Vereadores e da OAB Niterói, um ofício foi encaminhado para o shopping solicitando imagens do momento da agressão.
O administração do shopping Bay Market informou em nota que “está tomando as medidas necessárias e se coloca à disposição das autoridades para colaborar com as investigações”.
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