A 'xerifona' da água: engenheira é responsável por estação em SG

Você faz ideia de todos os processos pelo qual a água que abastece as cidades e distritos da Região Metropolitana do Rio precisa passar até estar própria para consumo nos lares? No Sistema Imunana-Laranjal, uma Estação de Tratamento de Água (ETA) localizada no bairro Laranjal, em São Gonçalo, cada etapa é chefiada por uma mulher.

Elisa Silva, de 42 anos, é gerente do sistema operacional da Cedae. Formada em engenharia, ela chegou ao patamar em outubro de 2021 e é a primeira mulher a liderar uma Estação de Tratamento de Água na região. 

O abastecimento do Sistema Imunana vem da captação de águas dos rios Guapiaçu e Macacu, que seguem o percurso pelo canal no município de Guapimirim e é bombeada até a ETA do Laranjal. De lá sai água para São Gonçalo, Niterói, Ilha de Paquetá, Inoã e Itaipuaçu.

"Depois de captada, a água passa por processos de tratamento. Esse percurso são cerca de 16 km de transporte por adutoras e, quando chega aqui na unidade de tratamento de água, ela começa a passar por um tratamento químico-físico", explica a engenheira.

Segundo Elisa, cada detalhe é averiguado minuciosamente e seguindo todos os critérios determinados pela legislação. Só depois de todo tratamento que a água é vendida para as concessionárias, responsáveis pela distribuição aos municípios. 

"São feitas análises recorrentes, com uma frequência determinada pela legislação, que atestam que a água está apta para a distribuição. A gente produz aqui, em média, 6.400 mil de litros por segundo", destaca.

Primeira no cargo

Imagina averiguar mais de 6 mil litros de água que são tratadas por segundo, fornecer a distribuição para as concessionárias, chefiar 300 funcionários e ainda conseguir manter tudo em ordem. Mulher consegue! Mas para chegar lá, Elisa conta que precisou de muita determinação.

"Eu passei no concurso em 2010 para a Cedae, como engenheira. Nesse tempo, eu já tinha feito pós-graduação. Estudei mais sobre o assunto, fiz um mestrado em engenharia ambiental, na área de saneamento. Eu trilhei meu caminho na Cedae sempre na área técnica, executando projetos, termo de referência e estudando gestão pública. E fui alcançado cargos aos poucos. Já fui coordenadora, chefe de departamento, assistente... Aos poucos, fui ganhando a confiança e o respeito dos colegas de trabalho", enumerou.

Para a engenheira, a liderança feminina vem de um desejo desenfreado pela busca do conhecimento, cercado por muita paciência e jeito único de conduzir a equipe.

"O conhecimento técnico é muito importante. Hoje eu vejo que são muitas mulheres buscando esse conhecimento, buscando estudos, buscando se aprimorar. Tem uma diferença na liderança da mulher: ela sabe impor sem agressividade, sabe entender melhor, ela sabe conquistar seus objetivos, os objetivos da empresa  e motivar a equipe", explica.

O caminho da água

1. Até a água chegar na estação de tratamento, ela passa por alguns processos físicos de gradeamento, como a remoção de sólidos grosseiros de troncos e galhos;
2. Depois são removidas as areias, que são os sólidos menores e, por isso, não ficam retidos na grade. Em seguida, a água é bombeada na Estação Elevatória, e vai chegar até a ETA;
3. Já na ETA, ela chega com turbidez e sólidos finos, muito pequenos, que para retirar precisa entrar com o processo químico. Assim, esses sólidos ficam aglutinados, ganhando e deixando a água decantada;
4. É então que começa o processo de filtração, que consegue reter microrganismos e micropartículas, atingindo níveis baixos de turbidez, tudo regulado por normas técnicas;
5. Após ser filtrada, a água vai estar apta para receber os produtos químicos, como flúor e cloro. Após todo o processo de desinfecção, começa então a correção do pH, e então, ela é distribuída para a população.