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    Monkeypox

    Transmissão de varíola dos macacos é maior em sexualmente ativos

    Maioria dos infectados é homem, mas risco é para todos

    Publicado 28/07/2022 às 20:48 | Autor: Manuela Carvalho
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    Segundo o infectologista, o público masculino é majoritário no que se refere à contaminação por relações sexuais
    Segundo o infectologista, o público masculino é majoritário no que se refere à contaminação por relações sexuais |  Foto: Divulgação OMS

    Após a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar a proliferação da varíola dos macacos uma emergência internacional, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tomou a decisão de criar um Comitê Técnico da Emergência Monkeypox. Um novo estudo mostra que 95% dos casos acometidos pelo vírus foram transmitidos durante relações sexuais e, de acordo com especialistas, isso acontece majoritariamente em um público que possui vários parceiros diferentes.

    O Ministério da Saúde informou que o Brasil tem 978 casos da doença. O Rio de Janeiro é o segundo estado com mais infectados: são 117 casos, perdendo apenas para São Paulo, com 744.

    Divulgado pela revista científica 'New England Journal of Medicine', a pesquisa analisou 528 pessoas infectadas de 16 países diferentes, entre abril e junho deste ano.

    Ao ENFOCO, o infectologista Edimilson Migowski, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que, como a catapora, as erupções cutâneas que aparecem no corpo após a infecção do vírus possuem um liquido que, quando eclodem e entram em contato com a pele, são o pivô da contaminação.

    "A tendência é essa infecção se espalhar se as pessoas não estabelecerem a consciência de detectá-la de uma forma precoce, evitando expor outras pessoas à ela. É uma DST [Doença Sexualmente Transmissível], embora de forma não exclusiva, já que é possível a contaminação por outras formas", afirma Migowski. 

    Ainda segundo o infectologista, o público masculino é majoritário no que se refere à contaminação por relações sexuais, mas isso não se restringe aos homens. Trata-se de um caso que engloba pessoas sexualmente ativas que possuem diversos parceiros sexuais, de acordo com o especialista.

    Na pesquisa feita pela revista, foi encontrado o DNA do vírus no sêmen de 29 dos 32 homens que participaram do estudo. Migowski explica que a presença do vírus no sêmen não é algo novo e que outras doenças infecciosas também possuem esse histórico.

    "A presença de alguns vírus no sêmen não seria uma exclusividade do vírus que causa a varíola dos macacos. Tem a hepatite B, HIV, o HTLV, o zika vírus... São exemplos de vírus eliminados no sêmen. Múltiplos parceiros, uma higiene mais precária e contato sexual são fatores considerados de risco para a aquisição desta infecção. Também seria um fator de contaminação a relação sexual sem camisinha", explica o médico.

    O estudo estabelece que estas erupções atingiram 95% dos pacientes, dentre eles, 73% tiveram feridas na região do ânus e nas genitálias. Por isso, ressalta-se a importância do uso dos preservativos durante as relações.

    Proteção e Tratamento

    "Não se expor a pessoas infectadas, reduzir número de parceiros, relação sexual com camisinha. Se as pessoas tiverem lesão de pele, evitar que tenham contato sexual mais íntimo, não compartilhar roupas de cama, toalhas, roupas íntimas", enumera o infectologista quanto a alguns dos métodos para a prevenção da doença.

    Dos casos analisados para a pesquisa, 5% utilizaram antiviral para tratar a doença, e 13% precisaram ser hospitalizados para um tratamento mais intensivo. Dentre as queixas nestes casos, estão dor intensa e infecção de tecidos. 

    Vacinação

    No ponto de vista do infectologista, a vacinação em massa não seria necessária no momento. Migowski aposta em uma imunização mais setorizada.

    "Não acho que a vacinação em massa nesse momento seja uma boa saída. Pode ser que eu mude de ideia, a partir do momento que essa infecção mudar de comportamento também, quando começar a pegar pessoas que não estão incluídas nesse grupo de risco. Então seria melhor a vacinação setorizada ou a vacinação por grupo de risco, se fosse indicada nesse momento", explica o especialista. 

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