Entenda
O que é uma pessoa assexual, como Poliana de 'Vale Tudo'? Saiba tudo
Personagem diz que beijo é 'muito molhado' e não faz sexo

Nesta segunda-feira (9), Audálio (conhecido como Poliana), personagem vivido por Matheus Nachtergaele no remake “Vale Tudo”, da Globo, fez uma revelação para a irmã Aldeíde, vivida por Karine Teles. Ao ser perguntado sobre como foi o encontro com uma pretendente, Poliana, pela primeira vez, falou sobre ser assexual: “A verdade é que eu não gosto de beijo. Acho beijo uma coisa muito molhada”, disse ele, arrancando gargalhadas da irmã.
O clima pesou quando Aldeíde perguntou, então, sobre o que ele achava de sexo: “Um horror, também não gosto!”, respondeu. Na primeira versão da novela, em 1988, o personagem Poliana, vivido por Pedro Paulo Rangel, não era assexual.
O remake tem passado por algumas adaptações do tempo e esse tema é um deles. Nesta terça (10), Poliana voltou a falar sobre como se sente. Assista ao vídeo abaixo.
"Eu sofri bastante na vida porque tudo que as pessoas fazem é pra conseguir ir na cama com alguém e eu não. Tudo que eu faço é pra não ter que fazer isso!"
— TV Globo 📺 (@tvglobo) June 11, 2025
Poliana se abre de coração sobre a descoberta da sua orientação sexual ❤️✨ #ValeTudo pic.twitter.com/bgda4KDGPE
Mas essa não é a primeira vez que um personagem assexual é representado em uma novela da Globo. A autora deu destaque à letra 'A' da sigla LGBTQIA+, que é considerada uma orientação sexo-afetiva, assim como a heterossexualidade ou a homossexualidade.
Afinal, o que é uma pessoa assexual?
A assexualidade é a falta total, parcial ou condicional da atração sexual e isso é independentemente do gênero do parceiro. Na novela, Poliana é um homem que há muitos anos não se relaciona com ninguém e as pessoas próximas acham que é porque ele ainda está ligado à noiva, que faleceu.

De acordo com Marianna Kiss, jornalista e sexóloga, a ciência relacionada à sexualidade ainda engatinha no quesito estudos e pesquisas e, pouco se dá atenção ao tema assexualidade especificamente.
“O que se pode afirmar é que, como se refere a uma orientação sexo-afetiva, não é considerada transtorno mental ou proveniente de traumas passados, mas ainda não se sabe se tal orientação sexo-afetiva está relacionada a algum desequilíbrio hormonal ou qualquer outra condição”, disse a estudiosa, que é pós-graduada em Terapia Sexual na Saúde e Educação e em Sexualidade Humana.
A última informação sobre a quantidade de pessoas assexuais no Brasil é de 2019. De acordo com o IBGE, entre a população LGBTQIA+, 5,76% são assexuais. A sexualidade de uma pessoa é baseada numa construção biopsicossocial. Todas as suas características fisiológicas, psicológicas e o que aprendeu socioculturalmente influenciam no que se é e no que se sente.
Todo assexual é igual?
Dentro da assexualidade há uma gama de condições que engloba níveis diferentes de ausência ou insuficiência de atração sexual ou romântica que se pode considerar como subtipos. São eles:
Demissexual:pessoa só sente atração sexual quando desenvolve vínculo afetivo com outra pessoa, como é o caso da cantora Iza, por exemplo;
Assexual estrito: pessoa que não sente atração sexual por ninguém e em momento algum;
Grayssexual: pessoa que sente atração sexual somente em determinadas circunstâncias que são muito subjetivas a cada pessoa;
Cupiossexual: pessoa que não sente atração sexual por outras pessoas, mas tem desejo sexual e vontade de ter uma vida sexual ativa;
Assexual fluído: pessoa que ora se sente como um demissexual, ora se sente como um grayssexual. Em outras palavras, é alguém cujos desejos sexuais flutuam ocasionalmente;
Monossexual: pessoa que não tem atração sexual por alguém, mas, se satisfaz sozinho a fim de atingir o orgasmo.
Acho que sou assexual, e agora?
A pessoa assexual experimenta pouca ou nenhuma atração sexual por um par, mas tem o interesse e o desejo de se relacionar afetivamente. Quando uma pessoa não sente atração física e desejo sexual por alguém ou está num relacionamento afetivo, mas essa atração é muito singela, pode ser necessário ligar o alerta e, na dúvida, procurar uma terapeuta especialista em sexualidade.
Outro caminho é, simplesmente, deixar a vida fluir sem medo de contar ao par como se sente em relação a própria orientação sexo-afetiva, visto que a assexualidade não é uma patologia ou um transtorno mental.


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