Após manifestações
Procurador-geral do Irã acaba com polícia da moralidade
Governo fará reavaliação sobre o uso obrigatório véu islâmico
São quase três meses desde o começo dos protestos no Irã pela morte da jovem Mahsa Amini, em setembro deste ano (2022). As autoridades locais declararam neste último sábado o fim da atuação da intitulada polícia moral.
"As mesmas pessoas que criaram a polícia da moralidade a desmantelaram", anunciou o procurador-geral do país, Hojatolislam Mohammad Jafar Montazari.
Nos últimos anos, as ações da polícia moral, que foi fundada em 2005, foram duramente criticadas devido ao tratamento e ações violentas contra mulheres que não se vestiam de acordo com as regras impostas pelo regime iraniano, principalmente com relação ao uso do véu islâmico.
As manifestações tiveram início em setembro quando Mahsa Amini, de 22 anos foi morta durante sua prisão. A jovem foi detida pela polícia da moralidade por desrespeito ao uso do véu.
O começo desta conotação política e a violenta repressão também marcaram bastante essas manifestações que abalaram a República islâmica, chegando a ganhar visibilidade e apoio de diversos países do mundo.
O Ministério do Interior iraniano falou no sábado (3) que já houve mais de 300 mortes desde o começo das manifestações, entre os membros das forças de segurança, manifestantes, além de membros de grupos armados chamados de contrarrevolucionários.
Nova lei para o uso de véu islâmico
Foi anunciado pelo procurador-geral que o parlamento e mais um órgão competente, que é liderado por Ebrahim Raissi, estão avaliando uma possível mudança na lei de obrigatoriedade do uso do véu islâmico. No entanto, eles não especificam detalhes ou em qual sentido o texto sofrerá alterações. O resultado dessa alteração será daqui a 15 dias.
Segundo um deputado, a polícia poderia passar a evitar as detenções e aplicar uma multa pelo desrespeito do uso do véu. Desde o começo dos protestos, as mulheres iranianas têm sido vistas com mais frequência nas ruas sem o véu e não sendo abordadas pela polícia.
O anúncio foi feito pelo governo três dias depois de uma nova leva de greve e manifestações ser anunciada para segunda-feira (5). As chamadas foram iniciadas pelas redes sociais de ativistas e grupos desconhecidos. Alguns manifestantes foram motivados a usarem armas e atacar alguns pontos estratégicos de poder.
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