Economia
Petrobras anuncia novo reajuste de combustíveis; entenda
Assunto tem sido motivo de embates entre o Executivo e a estatal
A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (17) que vai reajustar os preços dos combustíveis. A medida foi tomada depois de uma reunião para definir um reajuste, que será de 5,2% para a gasolina e de 14,2% no preço do diesel.
O conselho de administração da estatal se reuniu após um pedido do governo federal, que visa a tentar adiar o aumento até que seja sancionada a medida para conter a alta dos combustíveis.
Márcio Weber, presidente do Conselho, tentou, durante o encontro, conter o iniciativa da estatal, seguindo o pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). Contudo, a diretoria da empresa bateu o martelo e os novos preços entram em vigor neste sábado (18).
O valor repassado para as refinarias do litro da gasolina será de R$4,06. Já o diesel vai para R$5,61 o valor por litro.
A gasolina não sofria aumentos há três meses, quando o preço subiu em 18,7% nas refinarias, passando de R$3,25 para R$3,86. O diesel também estava sem sofrer alterações há 30 dias, quando o seu valor passou de R$4,51 para R$4,91 o litro.
Valor repassado para as refinarias do litro da gasolina será de R$4,06. Já o diesel vai para R$5,61 o valor por litro
De acordo com a diretoria da empresa, as mudanças ocorrem para que os valores entrem em concordância com os preços dos combustíveis internacionais. Outro ponto ressaltado pela Petrobras é a possível falta do diesel no segundo semestre deste ano. A direção chegou a alertar o governo sobre a ausência do combustível, já que é necessária a importação de 30% do consumido no país.
A estatal segue uma política de preços baseada no PPI (Preço de Paridade Internacional) desde 2016, quando foi implementado durante o governo de Michel Temer. Nela, para calcular o valor dos combustíveis deve-se levar em consideração o custo da importação (transporte e as taxas portuárias), o valor do petróleo no mercado internacional e o preço do dólar.
Desavenças com o governo
No ano em que busca sua reeleição, o presidente Jair Bolsonaro está em embate com a Petrobras para tentar segurar a alta. Bolsonaro, que pressiona a empresa e determinou a troca de comando, se pronunciou no seu perfil do Twitter contra os aumentos nos preços.
"A Petrobras pode mergulhar o Brasil num caos. Seus presidente, diretores e conselheiros bem sabem do que aconteceu com a greve dos caminhoneiros em 2018, e as consequências nefastas para a economia do Brasil e a vida do nosso povo", publicou.
Um dos motivos para o presidente tentar segurar o aumento está no Projeto de Lei Complementar (PLP), aprovado no Congresso, que visa limitar a aplicação de alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, fixando-a no patamar máximo de 17% a 18%, abaixo dos valores atuais aplicados pelos estados. Segundo Bolsonaro, caso a medida seja aceita, o preço da gasolina pode recuar em R$2,00, e o litro do diesel R$1,00.
O chefe do Executivo não tem permissão de alterar a definição dos preços impostos pela estatal, no entanto, ele vem fazendo alterações na presidência da empresa e no Conselho Administrativo.
Nomeado pelo próprio presidente, José Mauro Coelho está a frente da estatal, mas cerca de um mês depois, Bolsonaro decidiu exonera-lo do cargo. Contudo, o processo burocrático de substituição é lento, e o executivo está resistindo a pressão para renunciar o cargo. Segundo o presidente, a mudança poderia interferir nos reajustes automáticos dos preços.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), também criticou o reajuste anunciado nesta sexta-feira (17) e pediu a renúncia imediata do presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho.
"O presidente da Petrobras tem que renunciar imediatamente", tuitou Lira. "Ele só representa a si mesmo e o que faz deixará um legado de destruição para a empresa, para o país e para o povo. Saia!!!"
Com Agência Brasil
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