Acordo
Mulher vai receber indenização do ex-marido por trabalho doméstico
Justiça espanhola estipulou o pagamento em mais de R$ 1 milhão
Um tribunal espanhol bateu o martelo e determinou que um empresário pague o equivalente a mais de R$ 1,1 milhão à ex-esposa por 25 anos de trabalho doméstico não remunerado. O marido de Ivana Moral foi condenado a pagar esta quantia devido a um acordo de divórcio, que se tornou público na última terça-feira (7).
A juíza Laura Ruiz Alaminos, de Velez-Málaga, no sul da Espanha, foi responsável por calcular o valor base no salário mínimo anual durante todo o casamento, de acordo com o site de notícias "inews". O ex-casal tem duas filhas, e a decisão foi tomada após constatar que Ivana passou quase todo o durante o casamento cuidando da família e trabalhando como dona de casa.
O marido de Ivana, que não foi identificado, também deverá pagar a ela uma pensão equivalente a R$ 2,7 mil por mês, além de R$ 2,1 mil e R$ 3,2 mil para as filhas, que agora têm 20 e 14 anos. O ex-casal se casou em 1995, e o pedido de divórcio aconteceu em 2020. Ivana conta que está feliz com o pagamento depois de anos de trabalho duro.
"Claramente, este foi um caso de abuso", disse. "Eu e minhas filhas ficamos sem nada depois de todos esses anos, colocando todo o meu tempo, energia e amor na família", completou.
"Eu apoiei meu marido em seu trabalho e na família, como mãe e pai. Nunca tive acesso a seus negócios financeiros; tudo estava em seu nome", explicou. Desde que se casou, Ivana se dedicou "a trabalhar essencialmente em casa, o que significava cuidar da casa e da família e tudo o que envolve", informou a sentença.
O casamento era gerido por um regime de separação de bens, a pedido do marido, especificando que tudo que eles ganhavam era apenas deles, e que o casal compartilhava apenas posses. O acordo teria deixado a ex-esposa sem acesso a nenhuma das riquezas obtidas durante os anos de casamento.
Após se abrir sobre o seu caso, ela deseja que outras mulheres saibam sobre seus direitos. Os documentos legais mostraram uma divisão do que ela teria ganhado anualmente nos anos de matrimônio, entre junho de 1995 e dezembro de 2020.
Em entrevista para à rádio "Cadena Ser'', Ivana contou que o marido não queria que ela trabalhasse fora de casa. Que ele só a deixava trabalhar nas academias de sua propriedade, onde ela cuidava das “relações públicas e atuava como monitora”.
"Ele me fez assumir o papel específico de fazer tarefas domésticas, a ponto de eu estar em um lugar onde não poderia fazer muito mais", disse ela. A sentença a deixou "muito feliz" porque foi "muito merecida", afirmou.
O ex-marido, que desejava apenas dividir sua casa e bens após o divórcio, deve apelar da decisão.
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!