Luto
Morre ‘Dona Vitória’, idosa que ajudou na prisão de criminosos
Ela filmava ação do tráfico da janela da sua casa, no Rio
Morreu nesta quinta-feira (23), aos 97 anos, a heroína conhecida como "Dona Vitória". Ela teve reconhecimento após ajudar, nos anos 2000, na prisão de mais de 30 pessoas, entre traficantes e policiais militares, que eram ligados ao tráfico na Ladeira dos Tabajaras, favela de Copacabana, na Zona Sul do Rio.
"Dona Vitória", à época com 80 anos, filmava da janela de sua casa a movimentação do tráfico no local. As investigações se originaram por conta de suas filmagens.
O caso foi revelado em 2005 pelo jornal "Extra", que apenas nesta quinta-feira (23) divulgou uma foto e o verdadeiro nome da idosa, Joana Zeferino da Paz.
Joana morreu na Bahia, depois de 17 anos vivendo sob um anonimato forçado por questões de segurança. Em seu testemunho publicado no Extra, pelo jornalista Fábio Gusmão, que trabalhou na reportagem naquela época e seguiu acompanhando o caso até hoje, ela conta que deixou o imóvel onde viveu por 36 anos para ingressar no Programa de Proteção à Testemunha. Com isso, ali começou uma vida de "privações, angústia, desapego e resiliência", segundo Gusmão escreveu: "O seu desejo, há anos, era ter o reconhecimento público".
Como tudo começou
Joana morava em um apartamento na Praça Rocha Leão, e os fundos de sua residência davam para a Ladeira dos Tabajaras. Através da janela, ela passou a ver o movimento de traficantes de uma boca de fumo.
Na época, foi apurado pelo "Extra" que ela entrou com uma ação contra o Estado em decorrência da desvalorização de seu imóvel. A ideia de começar a filmar veio para conseguir desmentir a alegação imposta dentro da ação judicial, feita por um coronel da PM, que informou que a moradora mentia sobre a existência do tráfico, que seria combatido pelo batalhão da área.
Foi nesse momento que Joana ou Dona Vitória comprou uma câmera de filmar e passou a gravar as cenas que via diariamente. Com essas imagens, era possível ver os traficantes completamente armados e vendendo drogas. As fitas foram entregues na época para à Polícia Civil, que logo começou as investigações.
Além dos traficantes, policiais militares foram condenados por omitirem e receberem propina para fazer vista grossa para o crime organizado.
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