Jabutis: biólogo explica segredo de sobrevivência da espécie

Nos últimos dias, dois casos inusitados envolvendo jabutis chamaram a atenção nas redes sociais. Em um deles, um jabuti foi encontrado vivo sob o piso de uma casa após passar cerca de dez anos soterrado. No outro, um jabuti desaparecido foi encontrado dois anos depois, enrolado em uma lona, também com vida. A resistência desses animais levanta a questão: como eles conseguem sobreviver por tanto tempo em condições adversas?

O caso do animal encontrado no dia 7 de fevereiro, em Itacajá, região nordeste do estado, viralizou e despertou a curiosidade do público. O jabuti foi descoberto durante uma inspeção na casa de Luiza Coelha da Cruz Aguiar, de 60 anos. Ela pediu a um pedreiro que verificasse uma infiltração e acabou tendo uma grande surpresa: havia um jabuti embaixo do piso. O momento do ‘’resgate’’, foi publicado e viralizou nas redes sociais. Assista abaixo:

“Foi inacreditável. Pensamos que esse jabuti veio pela carreta de cascalho que pedimos há mais de nove anos para colocar no fundo da casa, e ele deve ter vindo junto bem pequenininho. Quando retiramos, vimos que tinha algumas deformidades no casco, que podem ter sido causadas por estar muito próximo à cerâmica e ter ficado imprensado”, relatou Luiza.

Outro caso curioso foi compartilhado por um internauta na rede social X: “Minha amiga perdeu o jabuti e achou ele dois anos depois enrolado numa lona na garagem: vivo”.

Mas como isso é possível? O biólogo David Balbino explicou ao ENFOCO que os jabutis possuem características biológicas que favorecem essa resistência.

Fator 1: comem de tudo 

Nós não podemos dar certeza que ocorreu dessa forma, mas temos pequenos indícios que podem levar a crer que isso seja possível. Aqui no Brasil, temos duas espécies de jabutis: o jabuti-piranga e o jabuti-tinga. Esses animais são onívoros, ou seja, se alimentam tanto de matéria vegetal quanto animal. Eles podem comer desde pequenos insetos até carne e outros animais um pouco mais robustos. Isso faz com que consigam encontrar nutrientes de diversas formas

Fator 2: Metabolismo lento 

Outro fator importante é a temperatura corporal desses répteis, que possuem sangue frio. “Os jabutis dependem do ambiente para regular a temperatura. Por isso, é comum vê-los no sol, esquentando o sangue. O metabolismo deles é muito lento, esse também é um dos fatores que faz com que esse animal consiga ficar tanto tempo escondido’’ diz Balbino.

Outro detalhe que chama atenção de criadores da espécie, é a longevidade, um aspecto notável desses animais. Conforme o biólogo, os animais da espécie podem viver entre 50 a 80 anos, dependendo das condições.

“Em ambiente controlado, sem predadores, eles podem viver até mais. Na natureza, essa expectativa reduz um pouco devido à presença de predadores naturais”, acrescenta o bólogo.

Os jabutis também possuem adaptações que lhes permitem se esconder e se proteger. “Diferente das tartarugas marinhas, que têm patas adaptadas para nadar, os jabutis terrestres possuem patas especializadas para locomoção em solo, o que os ajuda a procurar alimento e se esconder melhor”, explica Balbino.