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Celebração do golpe militar de 1964 viraliza na web
Após o novo ministro da Defesa, General da Reserva Walter Souza Braga Neto, celebrar a Ditadura Militar, em nota publicada no site oficial do ministério, nesta quarta-feira (31), em alusão ao dia 31 de março de 1964, internautas tornaram a frase 'Viva 64' uma das mais comentadas na web.
"O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março".
General Walter Souza Braga Neto, ministro da Defesa
Ainda em nota, o ministro da Defesa afirma que as forças armadas estão presentes na linha de frente, protegendo a população, no atual cenário político.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro publicou, em seu perfil pessoal noTwitter, um vídeo de 2014 em que o presidente comemora a data. Confira:
Até a publicação da reportagem, o presidente não havia se manifestado sobre o assunto nas redes sociais. Entretanto, a celebração se tornou um dos assuntos mais comentados no Twitter.
Apesar das celebrações, alguns representantes políticos se manifestaram contra, como foi o caso do governador de São Paulo, João Dória (PSDB), e o vereador do Rio Lindbergh Farias (PT).
"Ao contrário do que declarou ontem [30] o novo Ministro da Defesa, General Braga Neto, o Brasil não tem razão nenhuma para comemorar o Golpe de 64. Tem sim, muitas razões para chorar a ditadura militar e os milhares de mortos e torturados na fase mais dura da história brasileira", declarou Dória no Twitter.
Enquanto isso, Lindbergh Farias utilizou a #DitaduraNuncaMais ao ir contra a celebração.
"Este dia 31 de março envergonha o Brasil! Festejar torturadores como faz Bolsonaro é uma ofensa à democracia e aos que deram a vida por ela. Nossa luta pela democracia precisa ser constante! Só ela nos dá condições de defendermos os direitos do povo. #DitaduraNuncaMais!", declarou também em seu perfil nas redes sociais.
Alguns internautas também foram contra. Confira:
Para o historiador e mestre em História Social e Política, Luciano Tardok, não há motivo para celebrar.
"A memória da ditadura militar no Brasil é igual a lenda do Corpo Seco: um cadáver ressequido que é expulso da terra como punição por todos os seus pecados gravíssimos. Nosso único problema é que temos toda uma horda que cultua esse morto vivo. Celebrar a ditadura é apoiar todo o tipo de truculência e brutalidade que milhares de cidadãos viveram, direta ou indiretamente. Celebrar a ditadura é um ato de desconhecimento histórico. Celebrar a ditadura como pretende o atual presidente é atestar de uma vez por todas sua total incapacidade de compreensão sobre a história do Brasil", declarou o historiador.
Luciano Tardok, historiador e mestre em História Social e Política
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