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    Furtos

    Após operação policial, comércios do Centro de SP são saqueados

    Dezenas de pessoas invadiram uma drogaria e um mercadinho

    Publicado 07/04/2023 às 20:43 | Autor: Enfoco
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    A Polícia Militar reforçou o policiamento na área central
    A Polícia Militar reforçou o policiamento na área central |  Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

    Após uma operação policial realizada nesta sexta-feira (7) para desobstruir ruas no centro de São Paulo ocupadas por usuários de drogas e por pessoas em situação de vulnerabilidade social, um grupo invadiu e saqueou uma farmácia e um mini-mercado na região da Avenida São João, na capital paulista.

    O movimento Craco Resiste disse que "o que ocorreu foi uma reação às violências praticadas frequentemente pelo Estado contra essa população vulnerável".

    Especialistas têm dito que a intensificação da repressão policial e as notícias de que a prefeitura de São Paulo pretende adotar uma política de internações forçadas, além da decisão judicial que permite à prefeitura retirar barracas de pessoas que vivem nas ruas da capital, têm aumentado a tensão entre as pessoas que frequentam a Cracolândia.

    Diversos vídeos que flagraram os saques aos comércios da região central já estão circulando nas redes sociais desde a manhã. Além de mostrarem dezenas de pessoas furtando a drogaria, os vídeos mostram também agentes da guarda-civil agredindo os invasores com chutes e cassetetes.

    Segundo a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, a operação policial foi realizada por agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM), Polícia Militar (PM), Polícia Civil e subprefeitura da Sé. A ação de zeladoria que foi realizada nesta sexta, disse o órgão, é realizada “diariamente na região”.

    “A GCM atua na proteção dos agentes públicos durante a execução dos serviços municipais, além de também promover a desobstrução das vias públicas, para garantir a livre circulação de pedestres e veículos”, diz a nota da secretaria.

    A GCM diz que, após as pessoas saquearem produtos da drogaria, a situação foi controlada. A nota informa que não houve confrontos, nem feridos e que ninguém foi detido.

    Por meio de nota, a Polícia Militar informou que reforçou o policiamento na área central.

    “Equipes realizam buscas para localizar os autores das invasões a comércios na área central, ocorridos nesta manhã, após ação de zeladoria realizada por agentes da prefeitura na região”, diz a nota que foi enviada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. “As imagens veiculadas pela imprensa são analisadas pelas equipes de investigação, que trabalham para identificar e individualizar a conduta de cada um”, informa a nota.

    “A gente sabe que esse tipo de reação que o fluxo da Cracolândia tem é uma reação que acontece quando fica ainda mais exacerbada a violência e as violações de direitos humanos por parte do Estado”, disse Roberta Costa, ativista da Craco Resiste, em entrevista à Agência Brasil.

    “Nesses últimos dias teve um aumento muito grande da violência – não que em algum momento ela tenha cessado, e essa foi uma reação à violência do Estado. Ela aconteceu após a violência do Estado”, acrescentou ela.

    Para pensar em soluções, o movimento Craco Resiste está organizando um seminário, que vai acontecer entre os dias 21 e 23 de abril, em São Paulo.

    “Por causa disso, nós e uma série de outros coletivos, estamos organizando um seminário para debater essa situação. A situação é séria e temos que debater esses problemas complexos com soluções complexas. Temos que pensar, por exemplo, em um espaço de uso, um lugar em que a gente consiga cuidar dessas pessoas em vez de ficar violentando elas ainda mais”, defende.

    Cracolândia

    A Cracolândia é o nome que se deu popularmente a uma região no centro da capital paulista ocupada por usuários e dependentes de drogas. Durante 30 anos, o fluxo vivia no entorno da Praça Júlio Prestes, na região da Luz, no centro da capital.

    Em março do ano passado, eles migraram para a Praça Princesa Isabel e permaneceram nesse local até maio, quando foi realizada uma grande operação policial que terminou com a morte de um homem.

    A partir daí, o fluxo se dispersou pela região central da capital. Desde então, as operações policiais têm sido frequentes para continuar dispersando os usuários que tentam se concentrar em alguma rua central.

    A prefeitura e a polícia tem defendido que a dispersão facilita a abordagem aos usuários. Especialistas, no entanto, tem criticado as operações policiais, dizendo que elas não resolvem o problema, criam inseguranças e ainda prejudicam o trabalho das equipes de saúde e de assistência social. 

    Moradores e comerciantes também têm reclamado e protestado contra a dispersão dos usuários pelas ruas do centro da capital.

    Agência Brasil

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