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    Nova diretoria do Flamengo pode ser indiciada criminalmente

    Publicado 18/02/2020 às 19:20 | Autor: Eduarda Hillebrandt
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    Presidente foi convocado para CPI, mas enviou representantes. Foto: Juliana Passos/Alerj

    Ainda faltam dois meses para a conclusão do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a tragédia do Ninho do Urubu, presidida pelo deputado estadual Alexandre Knoploch (PSL). Porém, segundo os parlamentares, o relatório deve recomendar o indiciamento criminal também da atual diretoria do Flamengo aos órgãos policiais.

    Segundo Knoploch, há indícios de que a diretoria se omitiu diante da interdição do centro de treinamento por parte da Prefeitura do Rio.

    “A negligência é muito clara, tanto da gestão passada quanto da atual. A princípio, temos indícios suficientes para fazer um relatório apartado sobre o Ninho do Urubu”, afirmou Knoploch.

    O inquérito policial entregue ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pela Polícia Civil em fevereiro indicia oito pessoas pelo incêndio. O inquérito indiciou o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, engenheiros do clube, responsáveis da NHJ do Brasil, a empresa responsável pelos contêineres, além de um monitor e um técnico de ar-condicionado.

    “O que a gente espera é que o relatório corrija um pouco equívocos no inquérito policial. Foram indiciados os engenheiros e depois o presidente, mas não se fala do vice-presidente, do diretor, do gerente e pessoas que tinham o maior diálogo com a NHJ”, pontuou o presidente da CPI.

    O MPRJ informou que o inquérito tem 13 volumes e ainda está sob análise dos promotores do grupo especializado em Defesa do Torcedor. O relator da CPI, o deputado Jorge Felippe Neto (PSD), quer acelerar a entrega do relatório.

    "A investigação está bem avançada. A ideia é fazermos nossas conclusões aproveitando o tempo do Ministério Público, justamente para não perder o timing", garante o relator.

    CPI

    Além do Ninho do Urubu, a CPI apura as causas dos incêndios da Whiskeria 4x4, do Hospital do Badim e do Museu Nacional. Segundo Jorge Felippe, as apurações mostram um problema estrutural no setor público.

    “Temos que fazer a interdição, tanto do Corpo de Bombeiros quanto da Prefeitura, sair da esfera administrativa para ser por coerção policial, senão não funciona”, revela Jorge Felippe.

    Ainda com relação ao Flamengo, na última reunião da CPI, representantes da Secretaria Municipal de Fazenda do Rio declararam que os contêineres foram interditados um ano antes do incêndio. Ao todo, o órgão emitiu 31 autos de infração ao clube.

    A CPI, que já teve acesso aos 13 volumes do inquérito policial, solicitou à Prefeitura do Rio o histórico de notificações ao clube, além dos contratos e trocas de e-mails entre o Flamengo e a NHJ. Uma nova reunião deve ser convocada pela CPI. Nas duas convocações, o atual presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, não compareceu e enviou representantes.

    Para o vice-presidente da CPI, Rodrigo Amorim (PSL), os documentos solicitados devem apontar os responsáveis diretos pela tragédia.

    “É necessário ver quem é o responsável por ter autorizado que aqueles menores ficassem ali acomodados dentro daquele container que definitivamente contrariava as normativas. Só tinha uma janela gradeada, portas irregulares de correr, equipamento que compunha as paredes altamente inflamável. Era uma bomba-relógio”, afirmou o parlamentar.

    O incêndio, que matou dez jovens das categorias de base do clube e deixou outros três feridos, completou um ano em 8 de fevereiro.

    O MPRJ e a Defensoria pedem indenização de R$ 1 milhão a cada família afetada, além de indenização de R$ 20 milhões por danos morais coletivos. O Flamengo, procurado, ainda não se posicionou sobre o envio dos documentos à CPI.

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