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    Negociação por venda de clube inglês pode motivar guerra fria entre países

    Publicado 16/04/2021 às 20:20 | Autor: Pedro Chilingue
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    Imagem ilustrativa da imagem Negociação por venda de clube inglês pode motivar guerra fria entre países
    |  Foto: operador
    Futebol tem virado uma grande guerra fria. Foto: Reprodução/Twitter

    A profissionalização do futebol já é uma realidade e caminha a passos largos para dizimar a relevância de toda e qualquer equipe que ouse permanecer do amadorismo. A Premier League, elite do futebol inglês, é tida por muitos como a padronização perfeita de campeonatos nacionais.

    Com marcas fortes, patrocínios milionários e muitos dos principais jogadores do cenário mundial, a PL divide muito bem a sua verba, possibilitando que todos os clubes tenham acessos a fatias equilibradas e fazendo com que a competição seja sempre em alto nível.

    Outro fator que chegou para revolucionar o esporte é a compra dos direitos dos clubes por parte de investidores. O Manchester City, time tradicionalmente intermediário da Inglaterra, se tornou uma potência mundial após ser adquirido por um conjunto empresarial ligado ao governo dos Emirados Árabes Unidos - que fundou o Grupo City, hoje dono de diversas equipes pelo mundo.

    Com o possante ataque composto por Neymar, Mbappé e Cavani, o Paris Saint-Germain é outro emergente oriundo de capital externo. O clube francês tem como dono o fundo soberano Qatar Sports Investments, que gastou mais de um bilhão de euros na montagem do elenco que tirou a equipe do Parc des Princes do segundo escalão direto para a primeira prateleira da Champions League.

    O novo case em destaque no mundo da bola é a venda do Newcastle, tradicional clube inglês que tem passado por maus bocados sendo relegado a rebaixamentos e desmandos do atual dono, o bilionário Mike Ashley, que comanda o clube desde 2007. Após muitos protestos da torcida, ele decidiu colocar seu trono à venda e procura por interessados.

    Eis que surge o príncipe Mohammad bin Salman, que comanda hoje a Arábia Saudita. Sua primeira proposta foi recusada pela própria organização da Premier League. Sem muita transparência, as negociações continuam acontecendo por baixo dos planos. Desde o início das tratativas, houve muitas manifestações - contra e a favor - em relação às investidas árabes.

    Isto porque Mohammad impõe muitas políticas retrógradas e controversas de maneira ditatorial, como o apartheid contra mulheres e a intervenção saudita no Iêmen. Diversos grupos de direitos humanos protestaram contra a possibilidade; a esposa de Jamal Khashoggi, jornalista assassinado na embaixada saudita de Istambul por agentes do governo, também se manifestou de maneira veemente.

    Especialistas afirmam que este é um caso claro de "sportswashing", a prática que tenta utilizar conquistas esportivas para limpar a imagem e a reputação de regimes autoritários pelo mundo. Para tentar forçar uma aprovação, segundo o jornal inglês 'Daily Mail', o príncipe teria até ameaçado com represálias nas relações entre os dois países em uma reunião com o primeiro ministro Boris Johnson.

    Segundo a reportagem, a pressão funcionou e Boris já demandou membros do governo a convencerem a organização da competição a ceder às investidas de Mohammad. Com a cada vez mais frequente presença da tentativa de 'lavar imagens', a PL corre sério risco de se tornar um jogo de xadrez obscuro, uma guerra entre ditadores em forma de campeonato de futebol.

    É preciso estabelecer um limite razoável nesta linha tênue entre profissionalização extrema e jogo de interesses políticos e humanitários. O futebol é, antes de qualquer coisa, do povo. Todos concordamos que há necessidade de modernização e a evolução atual é importante, mas sem perder a essência do esporte. Clubes têm abandonado suas raízes, trocado suas cores e abdicado até de seus nomes.

    Importante intervir enquanto ainda temos o controle do futebol enquanto esporte e entretenimento. A paixão que move milhões, é instrumento social e agente agregador não pode ficar pelo caminho. A história não perdoa.

    A resenha está garantida com o jornalista Pedro Chilingue, que além dos bastidores do mundo esportivo, também traz o melhor dos torneiros regionais.

    A resenha está garantida com o jornalista Pedro Chilingue, que além dos bastidores do mundo esportivo, também traz o melhor dos torneiros regionais.

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