Esportes
Entenda o sucesso dos técnicos portugueses no mercado brasileiro
Abel Ferreira, Paulo Sousa, Jorge Jesus, Ricardo Sá Pinto, Jesualdo Ferreira… quando um time brasileiro fica sem técnico, logo procura um substituto e, recentemente, os portugueses têm sido os principais alvos dos dirigentes. Mas por que isso acontece? Em entrevista exclusiva ao Enfoco, o analista tático e jornalista da Transamérica, Bluthiere Lima, nos explica as razões para o sucesso dos lusitanos.
Tudo começa com uma insatisfação dos times com os técnicos nacionais, que rodam por diversas equipes sem apresentar novidades táticas e evidenciando uma certa acomodação. Por isso, a busca por treinadores estrangeiros se intensificou na segunda metade da última década. Nesse período, o mercado sul-americano foi bastante explorado.
Com o crescimento financeiro do futebol brasileiro, a globalização futebolística foi se intensificando cada vez mais até que treinadores europeus passaram a ser procurados mais frequentemente. Em 2019, após tentativas de Vasco e Atlético-MG, o Flamengo conseguiu a contratação do treinador Jorge Jesus - que havia feito grande sucesso em Portugal, em trabalhos por Sporting e Benfica.
Com o sucesso de Jorge Jesus no futebol nacional, diversos clubes passaram a procurar por treinadores portugueses. De acordo com Bluthiere, os excelentes resultados do ex-comandante rubro-negro abriram as portas para a chegada de outros lusitanos ao cenário brasileiro.
"É como um Efeito Manada. O que dá certo se copia"
Bluthiere Lima
Esse efeito pode ser bem ilustrado pela contratação de Ricardo Sá Pinto pelo Vasco da Gama em 2020 e a chegada de Paulo Sousa para o comando do próprio Flamengo na próxima temporada. Esses dois treinadores possuem um currículo tímido - o que fez com que fossem considerados como apostas.
Logo após a saída de Jesus do clube carioca, o Palmeiras anunciou a vinda de Abel Ferreira, que estava no PAOK, da Grécia. Abel ainda não tinha nenhum título como treinador profissional até então. No Alviverde, conquistou a Copa do Brasil de 2020 e a Libertadores nas temporadas de 2020 e 2021. Com isso, as últimas três edições da competição continental foram conquistadas por técnicos do país ibérico através de clubes brasileiros.
Bluthiere também lembra que os estrangeiros acabam tendo um maior respaldo das diretorias, normalmente por virem com maior 'pompa'. Ele cita o exemplo de Luxemburgo, que em 2020 foi líder da fase de grupos da Libertadores com o Palmeiras e campeão estadual em cima do grande rival Corinthians. Apesar disso, acabou demitido por não apresentar um futebol ofensivo o suficiente para o elenco que o Palmeiras possuía. Hoje, Abel também não se destaca pelo jogo ofensivo, muito pelo contrário - mas segue prestigiado.
De acordo com o jornalista, a semelhança entre os técnicos portugueses não é vista taticamente, já que cada um tem seu estilo, mas sim pela metodologia de trabalho. Esses profissionais possuem um perfil workaholic, que faz com que os treinos sejam mais intensos e que os adversários sejam mais estudados. Antes da final da Libertadores, entre Palmeiras e Flamengo, Abel Ferreira não teve constrangimento em dizer que estudou o rival carioca por dois meses antes da decisão.
Além dos atrativos que oferecem ao futebol brasileiro, o próprio cenário nacional acaba sendo favorável a eles. No Brasil, eles têm a facilidade do idioma, o respaldo dos dirigentes e costumam ser bem remunerados, por virem com muito destaque e estarem acostumados a receber em euros, moeda muito mais valorizada que o Real.
Por essa soma de fatores, o futebol brasileiro tem buscado por estes profissionais e eles têm demostrado o interesse de trabalhar aqui. Essa tendência, no entanto, pode mudar se os resultados pararem de acontecer. A bola da vez é o treinador Paulo Sousa, que irá comandar o Flamengo em 2022.
Argentinos também são procurados
Os hermanos já demonstraram sua qualidade em diferentes momentos no futebol brasileiro e também internacional. Os casos mais recentes no cenário nacional aconteceram com Jorge Sampaoli, que chegou ao segundo lugar do Campeonato Brasileiro de 2019 com o Santos, e Juan Pablo Vojvoda, que conduziu o Fortaleza ao quarto lugar no Brasileirão, sendo a melhor campanha da história do clube na competição.
Muito além disso, os treinadores argentinos estão presentes em diversos clubes nas principais ligas do mundo, fazendo com que a escola argentina de treinadores seja uma das mais conceituadas do futebol mundial.
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