Esportes
A FERJ segue assassinando o Campeonato Carioca
É provável que você não saiba, mas o Campeonato Carioca começa na próxima terça-feira (25). Talvez seja melhor nem saber, mesmo; o Estadual que já foi o mais charmoso do país hoje é apenas um retalho no apertado calendário dos clubes do Rio de Janeiro.
Isso tudo devido a anos e anos de descaso da nossa querida Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro. Tanto tempo pensando apenas em dinheiro, estragando a fórmula que rendeu disputas épicas e aniquilando as poucas atrações que ainda restavam - como os jogos nos estádios dos clubes pequenos, agora quase sempre cancelados pelos "mandos invertidos".
Ingressos caros, estádios vazios, regulamento ridículo, um pay-per-view bizarro e, consequentemente, times grandes jogando com escalações alternativas. Tem sido tudo muito triste e bizarro - mas passa a fazer algum sentido quando os borderôs mostram a FERJ lucrando mais que todos os clubes juntos. Literalmente venderam a graça do nosso Carioquinha.
Nem mesmo fatores históricos, tão importantes para o torcedor carioca, têm chamado a atenção do grande público. Você sabia que, se o Flamengo for novamente campeão, iguala o tetracampeonato do rival Botafogo em 1932, 1933, 1935 e 1936 - até hoje o único de todos os tempos? Pois é. Talvez nem mesmo o Rubro-Negro se importe mais com isso.
A tendência, diante da globalização do nosso esporte bretão, é que os estaduais percam espaço dentro de temporadas cada vez mais apertadas em 12 meses. No entanto, não era preciso definhar e praticamente falir como faz o Carioca; basta olhar para o lado para reconhecer que o Paulistão segue muito competitivo e atrativo para torcedores, mídia e patrocinadores.
Outra grande lacuna na edição de 2022 é a ausência do Maracanã, que passa pela troca do seu gramado e não poderá ser utilizado por cerca de três meses. É simbólico que a escolha, logicamente, tenha sido justamente para o período demarcado pelo Carioca. Flamengo e Fluminense mandarão seus jogos na Ilha do Governador.
Para não responsabilizar somente a federação, os clubes também têm sua parcela de culpa: em arbitral, todos concordaram com os altos valores dos ingressos - ao invés de optar por baratear os custos e, consequentemente, permitir que o povão preencha as arquibancadas nos primeiros meses do ano. A elitização não tem mais volta.
E assim vamos para mais um ano de um torneio maltratado, mal planejado e ridicularizado. O Campeonato Carioca é aquele monumento que envelheceu mal, sofrendo com o descaso das autoridades, e hoje não passa de um pedaço de metal - que mais parece lata.
Nos restam duas alternativas: que o Cariocão seja terceirizado e vendido para profissionais que saibam organizar um torneio competitivo ou que um grupo de torcedores tome de assalto a sede desta federação sanguessuga e revitalize o campeonato de forma a agradar quem mais importa: a bancada.
Que não seja tarde demais.
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