Nostalgia
Filme ‘Nosso sonho’, de Claudinho e Buchecha, vale pela emoção
Filme já levou mais de 300 mil pessoas aos cinemas
O filme ‘Nosso Sonho', cinebiografia da dupla dos MC’s cariocas Claudinho e Buchecha, estreou no mês passado e já levou mais de 300 mil pessoas aos cinemas de todo o país, arrecadando mais de R$ 1 milhão e ocupando a 6ª posição entre os mais vistos do país.
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Cantores de sucesso dos anos 90 e início de 2000, existe aí também o fator nostalgia e identificação, já que muitos jovens se veem na pele dos artistas no começo da carreira, além dos cenários das comunidades. Para os mais velhos, o retorno dos bailes das antigas e das canções do funk melody.
O filme mostra a dupla desde os tempos de criança em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Assisti em uma sessão (lotada!) na cidade onde os dois nasceram. Ao redor, jovens, adultos e crianças com alguma semelhança com a história dos dois retratada pelos excelentes Lucas Penteado (Claudinho) e Juan Paiva (Buchecha).
Na tela, conflitos familiares e situações vividas durante a carreira da dupla. O filme é baseado no ponto de vista de Buchecha, que vai narrando os acontecimentos, passando por momentos de quando era office boy de uma loja no Rio e as dores da perda do parceiro de música e entusiasta da dupla num acidente na via Dutra, em 2002.
Falhas no roteiro
O concurso de rap vencido pelos cantores em São Gonçalo no início da carreira deu ares de sucesso a ‘Rap do Salgueiro’ (Olê, olá, Salgueiro vem com Pira e a força vai chegar). O problema ocorre depois. Parece haver um salto entre os dois então desconhecidos da batalha do Clube Mauá ao estrelato com ‘Nosso sonho’, que dá título ao longa. Não dá pra saber o que se passou no meio disso.
A passagem do tempo fica comprometida e a impressão que se dá é que tudo aconteceu em um piscar de olhos, apesar de sabermos da dureza que é, em tempos de internet engatinhando, alcançar e se manter no auge sem vídeos virais ou o auxílio de algoritmos. Dali para as apresentações da Furacão 2000, os dois seguiram e deixaram a bolha do funk para, inclusive, gravar ídolos do pop e da mpb em trabalhos futuros, como Djavan (Lilás) e Lulu Santos (Tempos modernos).
Funk nas telonas
Ainda assim, a história emociona e mostra um Claudinho participando de todas as situações ao lado do amigo. Em forma de homenagem, a direção de Eduardo Albergaria apresenta o personagem sob um aspecto de incentivador da dupla, no entanto, sem mostrar o lado família, filho, irmão, seus conflitos e inquietudes que a vida artística, atrelada a pessoal, podem trazer. O próprio Buchecha já retratou o amigo como um anjo, e no filme não é diferente.
Com tantas cinebiografias de sucesso dentro do cenário do cinema nacional de diferentes gêneros ‘Dois filhos de Francisco’, ‘Elis’, ‘Tim Maia’, ‘Cazuza’, desta vez é o funk que é retratado nas telonas em um período de perdas de grandes nomes do do gênero, como MC Kátia e MC Marcinho, que também estourou com a pegada romântica.
Sem dúvida, o ponto alto da trama são as canções da época, inclusive com imagens dos bailes e uma representação dos conflitos dos lados A e B em uma das cenas. Certamente transportam o telespectador a reviver o passado e a amizade dos dois, nem que seja por um período de pouco mais de duas horas, e imaginar que Buchecha não poderia ter mesmo ficado sem Claudinho.
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