Gratuita
Exposição marca 100 anos de colônia de doentes mentais no Rio
A mostra será realizada no Museu Bispo do Rosário
O Museu Bispo do Rosário (mBrac), na Taquara, Zona Oeste do Rio, inaugura, neste sábado (23), a exposição "Pequenas Cosmogonias: como brotar mundos?", que abre a programação de ações que marcam os 100 anos da Colônia Juliano Moreira, em 2024. A mostra poderá ser visitada gratuitamente, de terça a sábado, das 9h às 17h. O museu oferece também visitas agendadas e conduzidas por educadores.
Os trabalhos que compõem a mostra tiveram coordenação artística e educativa de Diana Kolker e curadoria de Carina Faleiro, Cláudia Revoredo, Clebson Prates, Daniella Mudesto, Diana Kolker, Juliana Trajano, Sérgio Murilo e Ricardo Alves - trabalhadores de diferentes setores do museu que participaram de um laboratório de curadoria conduzido por Mara Pereira.
Idealizada em 2020, período da pandemia da covid-19, a exposição "Pequenas Cosmogonias: como brotar mundos?", contemplada no edital Programa de Fomento Carioca (Foca), da Secretaria Municipal de Cultura, e no edital de fomento via Lei do ISS da Prefeitura do Rio, tem como ponto de partida a vida e a obra de Arthur Bispo do Rosário em interlocução com 27 artistas contemporâneos, como a peruana Yanaki Herrera e a brasileira Cibelle Arcanjo.
Uma característica presente nesta exposição é que alguns artistas produziram seus trabalhos em situação de confinamento durante a pandemia, refletindo os atravessamentos que a crise sanitária repercutiu em todo o mundo.
“A exposição tem uma série de destaques como, por exemplo, a instalação Etapas da construção encantada de uma memória: A fogueira. Ao final da mostra, essa obra será queimada e as cinzas serão levadas para a exposição que organizaremos sobre os 100 anos da Colônia Juliano Moreira. Usaremos o simbolismo da fênix que queima e inaugura um novo momento para o nosso museu. Nossos visitantes conhecerão obras influenciadas pela ancestralidade e pela sustentabilidade”, explica a diretora do Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea, Raquel Fernandes.
Inspiração
Confinado em uma cela do Pavilhão 10, do Núcleo Ulisses Vianna, na Colônia Juliano Moreira, Arthur Bispo do Rosário produziu sua obra: um inventário do mundo, ordenando o caos por meio de miniaturas para apresentar a Deus no Juízo Final - essa era sua missão espiritual, sua cosmogonia.
Inspirada pela fala de Bispo,"As miniaturas permitem a minha transformação", a exposição apresenta um conjunto de 60 obras de Bispo em diálogo com 27 artistas, cujos trabalhos envolvem diversos modos de conexão com o planeta, com a vida, o universo, a espiritualidade e as forças de criação.
A exposição se expande para além das galerias do mBrac e inclui o terreno no entorno do Pavilhão Ulisses Vianna, hoje Memorial de Arte e Resistência, onde foi criada uma horta agroecológica comunitária, parte do programa Arte, Horta e Cia. Um dos integrantes do projeto é Walter Almeida Filho, o Mestre Walter.
Artista visual, músico e educador popular, Walter integra pela primeira vez uma exposição no mBrac. As obras dele, instalações criadas a partir do uso de materiais naturais e objetos do cotidiano de trabalho na terra, poderão ser conferidas no foyer, na galeria e na horta.
Outros trabalhadores e conviventes do museu participam da exposição, como Elzi Lopes e os integrantes do Atelier Gaia - coletivo de artistas usuários dos serviços de saúde mental vinculados à instituição -, reafirmando o compromisso com a ampliação da visibilidade sobre a produção artística e cultural da Zona Oeste.
A mostra é também um processo de estreitamento e integração entre o projeto pedagógico do mBrac e das escolas locais. Por isso, junto aos artistas convidados, a exposição contará com a participação dos pequenos artistas estudantes da Escola Municipal Juliano Moreira, do EDI Arthur Bispo do Rosario e do EDI Zilda Arns, todos localizados nas imediações do museu.
Além disso, o artista Tarso Tabu realizará uma pintura no muro do EDI Arthur Bispo do Rosário, como parte da exposição, através da parceria com o projeto paulista Surto Criativo. Já a Ocupação Ibá, integrada pelos artistas CoStella, Daiane Lucio, Griot, Ismael David, Lais Reverte e Rona Neves, ocupa uma das galerias da exposição, com obras inéditas.
100 anos da Colônia
Dando início aos preparativos para o marco dos 100 anos da Colônia Juliano Moreira, o mBrac foi contemplado, no edital de fomento via Lei de Incentivo do ISS do município do Rio de Janeiro, com o patrocínio da Rede D'Or para a realização de reformas estruturais no edifício sede do museu.
A ideia é que as obras, implementadas até o final de 2023, possam garantir maior acessibilidade do público de pessoas com deficiência (PCD) às instalações da instituição, com a instalação de um elevador e de rampas de acesso, banheiro PCD e faixas de sinalização.
“Estamos trabalhando para tornar o museu mais acessível, seja através da nova sinalização, da adoção de audiodescrição e da tradução em libras, dos novos banheiros e da instalação de elevador e rampas”, conta Raquel Fernandes.
Além disso, o museu vem desenvolvendo, através do Polo Experimental de Convivência Educação e Cultura, práticas artístico-educativas, tornando-se um espaço comunitário de experimentação e convívio, que visa promover modos de vida, criação, saúde e arte através de oficinas.
O projeto contará com um conjunto de atividades, divididas em "oficinas livres", "oficinas carnavalescas" e "oficinas de geração de renda", destinado à comunidade local e aos usuários dos serviços de saúde mental da região e terá a duração de 12 meses.
A exposição fica aberta à visitação até 31 de janeiro de 2024, de terça a sábado, das 9h às 17h, com entrada franca. Agendamentos devem ser feitos e-mail agendamento@mueubispodorosario.com. O museu fica na Estrada Rodrigues Caldas 3.400, Taquara, Jacarepaguá.
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!