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Cobra Kai e Boba Fett: a reinvenção bem sucedida dos clássicos
O final de 2021 chegou, mas antes do relógio bater a meia-noite e trazer os novos ares de 2022, os streamings ainda lançaram gratas surpresas, para encerrar o ano com chave de ouro. Só nessa última semana, tivemos a estreia de O Livro de Boba Fett, na Disney+, e a quarta temporada Cobra Kai, na Netflix, ambas produções derivadas de filmes que fizeram sucesso nos anos 80.
A "volta dos que não foram" é um fenômeno que já virou algo comum nas estreias de filmes nos cinemas, retornando franquias de sucesso para as telonas, inclusive, o Enfoco já abordou o assunto em seu podcast, clique aqui para ouvir. Porém, a maioria dessas estreias vêm com um gosto amargo, ao invés da nostalgia que deveria trazer. Como exemplo, temos o novo Ghostbusters - Mais Além, que foi considerado uma decepção para os fãs, e Matrix Ressurections, o qual tem dividido opiniões pelas decisões tomadas no filme, fazendo com que espectadores fizessem diversas comparações com as produções anteriores do universo de Matrix.
Cobra Kai
Contudo, se nos cinemas o desgosto com o resgate de clássicos tem sido praticamente unânime, nos streamings o sentimento é totalmente contrário, já que as séries derivadas de filmes antigos estão conseguindo conquistar seus fãs. Um dos maiores exemplos disso é Cobra Kai, seriado da Netflix, que ganhou sua quarta temporada nesta sexta-feira (31) na Netflix, derivado de Karate Kid, produção que mostrava a saga de Daniel San (Ralph Macchio), um problemático jovem que se muda para uma nova cidade e é treinado pelo Mestre Miyagi, afim de aprender artes marciais e a controlar a sua personalidade. Inclusive, o filme teve um remake em 2010, protagonizado por Jack Chan e Jaiden Smith, porém é totalmente ignorado pelos fãs da saga.
Cobra Kai, que teve sua primeira temporada em 2018, nos mostra o que acontece 30 anos depois do filme original, Karate Kid, quando Johnny Lawrence, agora fracassado e alcoólatra, decide criar o seu próprio dojo, reacendendo a rivalidade com Daniel San. Porém, o sucesso da série não se dá por conta dos dois mestres e sim pelas histórias de seus alunos, com os mais diversos dramas envolvendo os dois dojos, suas respectivas classes sociais e as rivalidades ali presentes.
Na sua quarta temporada, o seriado irá abordar as consequências dos episódios anteriores e consegue se consolidar como uma reinvenção de um clássico, já que segue adiante com as histórias que vimos em Karate Kid, adicionar novas narrativas, além de criar um universo incrivelmente diverso e complexo para uma produção de artes marciais, que por muitas vezes é tida como superficial, por estarem sempre mais interessadas em ressaltar as cenas de lutas do que os acontecimentos que as cercam. Porém, Cobra Kai se distancia desse padrão, se tornando uma das melhores surpresas da Netflix na atualidade.
O Livro de Boba Fett
Já a Disney+ segue com o seu trabalho de expandir o universo de Star Wars. Depois dos lançamentos das duas temporadas de O Mandaloriano (2019), The Bad Batch (2021) e Star Wars - Visions (2021), o serviço de streaming resgata e dá continuidade a história de Boba Fett, um caçador de recompensas que teve uma passagem incrivelmente rápida nos filmes de George Lucas, com sua suposta morte no Episódio VI: O Retorno de Jedi. Na nova produção, é mostrado o que acontece logo após o caçador de recompensas ser engolido por Sarlacc, o monstro do deserto, e como Boba consegue escapar dali, dando continuidade a sua história.
Essa escapada da morte mostra o que "O Livro de Boba Fett" de fato representa, uma segunda chance para um personagem que teve a sua jornada extremamente curta, mas que conquistou uma legião de fãs pela sua aparência icônica. Assim, a série cumpre bem o papel de expandir a história de Boba, que ao invés de lhe dar uma morte rápida num mostro aleatório do deserto, o coloca como o novo rei do crime, no lugar de Jabba.
Com essa nova premissa, o seriado reinventa um personagem clássico, trazendo-o de volta com toda atenção que ele merece, além de abrir diversas portas para Boba Fett.
O cinema tem muito a aprender
Logicamente, os streamings conseguem desenvolver melhor as histórias, já que utilizam de séries para contar essas narrativas expandidas, algo que o cinema não possui tempo hábil para fazer. Isso ocorre porque eles devem, em cerca de duas horas, resgatar a antiga história, conquistar o público e entregar um novo caminho que faça total sentido para novos e velhos espectadores. Além disso, muitas vezes, o cinema resgata os clássicos não para contar novas histórias e sim para lucrar em cima da nostalgia que esses filmes antigos trazem, fazendo com que essas novas produções sejam apenas um recorte e colagem do que o filme original era.
Dessa forma, nos resta torcer para que o cinema aprenda com as lições que o streaming está ensinando, além de esperarmos que Netflix, Disney+, HBO Max e todos os demais serviços da atualidade continuem contando novas histórias usando as antigas como base, conquistando assim as pessoas que cresceram com essas produções e também os mais novos que estão chegando agora para acompanhar essas narrativas.
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