Festa
Apresentadores do 'Bom Dia' comentam rotina na TV Globo: 'Parceria'
Jornalistas relataram suas experiências à frente do telejornal
Os telejornais da Rede Globo 'Bom Dia Rio', 'RJ1' e 'RJ2' completam 40 anos com bastante história, carga emocional e muito mais próximo do público. Os apresentadores do 'Bom Dia Rio', Flávio Fachel e Silvana Ramiro, falaram ao ENFOCO com exclusividade sobre a história do telejornal e suas experiências à frente de um dos projetos mais importantes da emissora.
Em 2011, o noticiário e o ‘RJTV’ 1ª e 2ª edições foram renovados e ancorados em um estúdio panorâmico de vidro localizado na cobertura da sede da Rede Globo, no bairro do Jardim Botânico. Do estúdio é possível ver alguns dos principais pontos turísticos do Rio, como a Lagoa Rodrigo de Freitas, as ilhas Cagarras, o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor, o parque Jardim Botânico, o Jóquei Clube, o morro Dois Irmãos e as praias de Ipanema e Leblon. Em 2023, os jornalistas completam dez anos no comando do programa. Fachel começou no 'Bom Dia Rio' em 10/06/13 e Silvana, três meses depois, no dia 30/09/13.
Para Fachel, a receita para o periódico se manter há mais de 40 anos no ar é o compromisso com o telespectador. Já para Silvana, a linguagem usada fideliza quem assiste ao noticiário. Os jornalistas falaram sobre tudo, inclusive sobre o horário que precisam acordar para estarem na hora certa no programa e confessaram qual a pior notícia que tiveram que dar. Confira o bate-papo.
- Como é fazer parte dessa trajetória de quatro décadas?
Silvana: Fazer parte dessa trajetória, levando em consideração que eu e Fachel estamos há quase uma década juntos, foi uma química que foi sendo construída ao longo do tempo. Estamos falando de uma carioca junto com um gaúcho. Quando a gente entendeu o timing um do outro, o estilo de falar do outro, o olhar do outro, ficou muito mais fácil. Eu digo que, hoje, fazer o ‘Bom Dia Rio’ é tão prazeroso porque, de fato, é como se eu estivesse sentada no sofá da casa das pessoas. Eu converso com tanta naturalidade com o Fachel, procuro dar a notícia com tanta espontaneidade, sinceridade e verdade, que as pessoas sentem como se estivéssemos na casa delas. É uma parceria que a gente construiu.
Fachel: São 9 anos e meio dentro desse período de 40 anos, ou seja, quase um quarto desse tempo. Tenho orgulho de fazer parte de uma fase de transformação completa do programa: tornamos o’ Bom Dia Rio’ mais popular e mais opinativo, fazendo com que a audiência nesses quase 10 anos tenha quase triplicado. A sensação, portanto, é de que estamos no caminho certo.
- Como vocês enxergam a consolidação desse projeto do telejornalismo local, mais próximo do público?
Silvana: O ‘Bom Dia Rio’ criou uma identidade que é muito particular do jornal. Criamos uma marca que se comunica diretamente com o público e que traz o público para dentro do jornal. Acho que é o único telejornal que consegue ter espaço, tempo, para ouvir o telespectador em tempo real. Então, é muito comum o telespectador nos mandar mensagem durante o jornal e aquilo se transformar num ao vivo ou num vídeo que exibimos durante o jornal ou numa imagem do Globocop. Essa característica do ‘Bom Dia Rio’ de trazer o telespectador para dentro do jornal e contar com a colaboração dele é única.
Fachel: É um caminho inevitável. Com a chegada das redes sociais e da comunicação instantânea, a população tem acesso, hoje, a conteúdos que não são mais feitos da forma como eram produzidos quando a internet não existia. Isso faz com que a forma das mensagens tenha que ser modificada, com que a simplificação da mensagem também tenha que carregar a linguagem cotidiana das ruas. É o que fazemos, trazendo sempre a responsabilidade da correção e da apuração nas notícias.
- Qual a visão de vocês sobre as mudanças que aconteceram nessas quatro décadas de telejornalismo?
Silvana: Hoje é impossível pensar no jornalismo local sem a participação da população. O recurso do smartphone trouxe uma agilidade única. Então, hoje, acontece algo na Avenida Brasil, às vezes não dá tempo de deslocar um repórter para lá, algum telespectador grava para gente. Quando noticiamos os estragos no estado devido às fortes chuvas, quase 80% do material que usamos são imagens de telespectadores. É um ganho absurdo para o jornal. Acho que o jornalismo local se consolidou nessa questão da aproximação com o público graças a facilidade da tecnologia, do Whatsapp, de tudo isso.
Fachel: As mudanças acompanham o desenvolvimento da sociedade e, também, das suas necessidades. Não existe um formato único e imutável: a comunicação é dinâmica e o telejornalismo não poderia ficar de fora dessa realidade.
- Qual é a receita para mais 40 anos para se manter no ar e com um público fiel?
Silvana: Cada vez mais falar a linguagem do público. Falar de forma leve. Ouço muito isso das pessoas que o Bom Dia é um jornal leve, engraçado e, que, ao mesmo tempo traz notícias com seriedade e segurança.
Fachel: É o compromisso constante com as necessidades do nosso telespectador. O ‘Bom Dia Rio’ entrega todos os dias o que o carioca e o fluminense precisam saber para começar bem o seu dia. Tem sido assim nos últimos 40 anos e deverá ser também no futuro.
- Qual foi a pior notícia que já tiveram que dar?
Silvana: Uma das piores para mim foi o caso do menino Henry Borel. Porque ele tinha a idade da minha filha e não tem como não imaginar que aquilo poderia ter acontecido com a gente. Foi uma das coisas mais cruéis que eu já vi e foi muito difícil apresentar esse jornal. Além disso, claro, a morte da nossa Susana, passei o jornal inteiro praticamente chorando. Tínhamos uma brincadeira nossa que todo mundo me chamava de Susana e ela de Silvana. Isso era muito comum acontecer ao vivo, nas ruas. Hoje, quando a alguém troca o meu nome, imediatamente eu lembro da Su. Já na reportagem, a pior de todas as coberturas foi a chacina na escola de Realengo. Fui a primeira equipe a chegar, nunca mais vou esquecer aquelas cenas. A ocupação do Complexo da Penha, que ficou para a história, também foi muito difícil. Trabalhei quase 20 horas sem parar.
Fachel: Todas os fatos ruins afetam a gente na hora de noticiar. Não sei escolher uma específica porque cada notícia negativa reflete a dor e a dificuldade de uma ou mais pessoas específicas.
- Como é a rotina de vocês?
Silvana: Acordo às 3h30, chego na TV por volta das 4h10. Dou uma olhada em tudo que está planejado para o jornal e nos sites de notícias para checar se tem alguma notícia que a gente não está prevendo. Eu converso com a meteorologista para saber sobre o tempo naquele dia e nos próximos dias. Estudo tudo que vai ao ar no jornal. Às 5h começo o processo de maquiagem, cabelo, e subo para o estúdio por volta das 5h45. Procuro dormir cedo sim, mas a minha rotina pessoal não me permite. Tenho uma rotina muito intensa na igreja, tem dias que vou dormir quase 23h. Procuro tirar uma soneca diariamente à tarde de 30, 40 minutos, para conseguir ficar acordada até mais tarde e poder ficar com a minha filha. Procuro dormir cedo sim, mas a minha rotina pessoal não me permite. Tenho uma rotina muito intensa na igreja, tem dias que vou dormir quase 23h.
Fachel: É a rotina de quem acorda cedo: o despertador toca às 4h, às 5h15 já estou no camarim, às 5h45 subimos eu e a Silvana para o estúdio, e às 6h em ponto começa nosso encontro com o telespectador. No restante do dia, é atenção constante nas notícias, dezenas de ligações para fontes e reuniões com a equipe do ‘Bom Dia Rio’ para sabermos o que poderemos ter no jornal no dia seguinte. Mas uma coisa é certa: cada edição é uma surpresa, uma experiência que vivemos ao vivo, junto com o telespectador.
- Já se acostumaram à rotina?
Silvana: Já em me acostumei. É uma rotina, claro, de muita limitação. Não é todo dia que vou conseguir ficar acordada até tarde, tem que ter muita disciplina e sempre fui muito disciplinada. Por isso que funcionei tão bem nesse horário e já estou indo para o décimo ano de ‘Bom Dia Rio’.
Fachel: Depois de quase 10 anos, essa rotina passa a fazer parte da vida da gente. Se for olhar para a hora de dormir e a hora de acordar, não é muito diferente da rotina de centenas de milhares de cariocas e fluminenses.
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