Luto
Tristeza do luto e as dúvidas na fase terminal do pet
Especialistas explicam as melhores alternativas

O ator e apresentador Márcio Garcia viralizou na internet essa semana, ao desabafar sobre a situação de Dogo, cachorro da família que faleceu após ser diagnosticado com linfoma. O desabafo emocionante do artista relembra outros casos semelhantes, como o do piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton e também do apresentador André Marques, tutores que passaram por uma difícil decisão: abrir mão do pet, através da eutanásia, ou permitir um resto de vida em sofrimento. Um momento de dor e que ainda gera muitas dúvidas na fase terminal da curta vida dos pets, inclusive sobre o pós-morte.
Especialistas afirmam que, de início, é fundamental entender ser comum que animais de estimação adoeçam conforme o avanço da idade. Estudos do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) mostram que os pets têm um declínio natural nas funções do organismo e do sistema imunológico quando chegam na velhice, deixando-os mais vulneráveis a doenças crônicas, como o câncer, por exemplo.
Também é comum, infelizmente, que animais que não tiveram as melhores condições e cuidados durante a vida desenvolvam tumores malignos com o avançar da idade. Quando a situação se torna crítica, comprometendo a rotina do animal, a informação se torna um recurso fundamental para o tutor, afinal muitos sequer sabem como o "sacrifício" do pet é feito e o que fazer após este processo.
Entendendo a eutanasia
Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) Diogo Alves, que também é médico-veterinário pela Universidade Federal Fluminense (UFF), "a eutanásia é a indução da cessação da vida animal, por meio de um método tecnicamente aceitável e cientificamente comprovado, observando os princípios éticos".
Ele prossegue detalhando que o procedimento "deve ser realizado por um médico veterinário, garantindo que seja indolor e envolvendo anestesia geral, seguida de fármacos que cessem as funções cardíacas ou neurológicas do animal".
Ao ser questionado sobre quando os veterinários entendem que a eutanásia pode ser uma alternativa, Diogo explicou que existem sinais que relevam a possibilidade.
"O processo vira uma alternativa, principalmente, quando o bem-estar do animal estiver comprometido de forma irreversível. Fora isso, também em casos em que o animal constitui ameaça à saúde pública, ao meio ambiente, ou então quando o animal for objeto de atividades científicas aprovadas pela Comissão de Ética para o Uso de Animais (CEUA)", afirmou o presidente da CRMV.
Segundo o especialista, a eutanásia também pode ser indicada quando o tratamento para manter o animal vivo representa um custo incompatível com a renda financeira do tutor.
Vira um meio de eliminar a dor ou o sofrimento do animal
Decisão mais difícil

Eu tive que tomar a decisão mais difícil da minha vida
Apesar dos sinais, o especialista alerta que a função do veterinário é orientar, mas que a decisão final sempre será do tutor, inclusive alertando que tratamentos paliativos podem, e devem, ser considerados até o responsável decidir pela eutanásia.
Ele finaliza explicando que o contexto social, familiar e de saúde em que o animal está inserido é essencial para entender o momento exato para indicar o procedimento.
"A decisão é do responsável, sempre após uma avaliação médica. Nossa profissão é de meio, não de fim. Procuramos oferecer meios para os animais serem curados, mas não temos como garantir que eles serão", declarou Diogo.
A declaração lembra o caso de Roscoe, buldogue inglês de Lewis Hamilton que o acompanhou durante 12 anos. Após um quadro severo de pneumonia, que resultou no coma do pet, Hamilton escolheu aceitar a eutanásia e se despedir do companheiro.
"Depois de quatro dias de suporte, lutando com toda a força que ele tinha, eu tive que tomar a decisão mais difícil da minha vida e dizer adeus ao Roscoe. Ele nunca deixou de lutar, nem nos últimos momentos", declarou Hamilton nas redes sociais.
Pós-morte
Após a morte, muitos tutores se encontram com a seguinte dificuldade: o que fazer com o corpo? Existem três alternativas viáveis conhecidas, sendo elas a cremação, o enterro e a doação para fins ciêntificos.
Cremação
Na cremação, o pet é levado até um ponto que faça o serviço de forma legal, seja em crematórios especializados ou serviços de funerária pet, onde o corpo é incinerado até se transformar em cinzas, que podem ser guardadas com o tutor ou despejadas em alguma cerimônia de conforto.
Enterro
Para o enterro, não se recomenda que o tutor o faça no próprio quintal, já que pode ser considerado crime ambiental, de acordo com legislações municipais. O mais recomendado é recorrer aos cemitérios de animais disponíveis na região.
Doação
A menos conhecida, a doação do corpo para estudos científicos, pode ser feita entrando em contato com universidades que tenham a medicina veterinária entre os cursos ou instituições de pesquisa, caso o tutor tenha interesse.
Geralmente clínicas veterinárias oferecem a orientação necessária para os tutores.
Lidando com o luto
Após a morte do melhor amigo é chegada a hora de lidar com o luto. De acordo com estudos da psicólogia especializadas na relação homem-pet, o sentimento de culpa é um dos maiores obstáculos no processo de luto, e até na decisão de optar pela eutanásia ou não.
Terapeutas da área afirmam que é importante o tutor ter em mente que a eutanásia pode ser vista como um último recurso em um ato de amor, já que a despedida pode ser menos dolorosa que o sofrimento em muitos dos casos.
O caso mais recente envolvendo um luto difícil é do próprio apresentador André Marques, com sua cadela, a 'Gorda'. André chegou a fazer adaptações em casa, mudando de lugar os locais onde a Gorda dormia, no intuito de satisfazê-la e deixar a cadela confortável na fase final.
Após a morte de Gorda, que faleceu no fim do ano passado, André declara ainda sentir muita dor ao lembrar do assunto, se emocionando com homenagens e ao lembrar da companheira.
Procurado, André Marques afirmou ainda não se sentir confortável para falar do assunto.

João Alves - Estagiário sob Supervisão

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