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    Médici

    Uma república italiana

    As influências e o legado de arte e cultura deixadas por Lorenzo

    Publicado 16/08/2022 às 17:35 | Atualizado em 17/08/2022 às 9:12 | Autor: Enfoco
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    Série está disponível pelo canal de streaming HBO Max
    Série está disponível pelo canal de streaming HBO Max |  Foto: Divulgação

    Estou assistindo à série MÉDICI, O MAGNÍFICO, no HBO Max. Esta trata da saga de Lorenzo, herdeiro da família Médici, que dominou Florença e, posteriormente, a Toscana, durante os século XV a XVIII. Essa dinastia foi responsável por muitos feitos, sendo reconhecida, até os dias de hoje, como patrona das artes e do conhecimento, da ciência e da filosofia, e, sobretudo, incentivadora do Renascimento.

    Cosimo di Médici, banqueiro que retornou a Florença, no ano de 1434, após ter sido expulso e exilado de sua cidade natal, fundou o principado de sua dinastia, a qual aliou recursos financeiros (eram banqueiros), a uma vasta influência na Europa, que deu-lhes poder e a fama de invencíveis. Seu banco foi, de certo modo, a primeira instituição multinacional do Planeta.

    A família Médici fazia política sem pegar em armas, sem revoluções e grandes rupturas. Seus laços de amizade estendiam-se pelo mundo, e sua articulação política e ideológica começou de forma tímida, meio que desacreditada, tornando-se extremamente potente e coesa.

    O modelo republicano foi muito utilizado na Itália, e baseava-se num sistema de freios e contrapesos, no qual nenhuma autoridade ostentava um poder tão grande, que pudesse subjugar a população. Havia corporações profissionais, chamadas de Guildas, cujos representantes eleitos ocupavam assentos nas Signorias, uma espécie de magistratura, com 9 vagas.

    A Signoria decidia as questões complexas e impasses envolvendo os cidadãos e a comunidade. Por voto da maioria, firmava-se posição. O grande problema foi que, já àquela época, o clientelismo apresentava-se: os Médici faziam empréstimos vultosos para os cidadãos que integravam as Guildas. Estes, quando eleitos para a Signoria, deviam-lhes favores e votavam de forma a beneficiá-los...

    Desse modo peculiar, aliando poder econômico e poder político, cultural e ideológico, a dinastia Médici reinou na toscana, sobretudo em Florença, por cerca de trezentos anos. O legado deixado, nas artes, foi imensurável.

    O filho de Cosimo, Piero, só governou por 5 anos, pois sofria de gota e veio a falecer (era conhecido como Piero, o Gotoso). Seu lugar, na família, nos negócios e na política florentina, foi ocupado por seu filho, Lorenzo di Piero de Médici, que contava com 20 anos de idade, e diferia bastante do pai, por ser muito conciliador: evitava a guerra, buscava a paz.

    Ficou conhecido como Lorenzo, o Magnífico (título, inclusive, da série da HBO, em português), por, além de possuir coragem e destreza, ser um autêntico diplomata, político e patrono e mecenas de acadêmicos, artistas e poetas, dentre estes Botticelli, Pico della Mirandola, Michelangelo, os irmãos Pulci, Poliziano e muitos outros. Nascia, em Florença, o movimento conhecido como Renascentismo.

    Lorenzo soube valer-se desta fama de sua cidade. Ofertava seus artistas para outras cidades e governantes, a fim de que a fama de Florença se espalhasse, e seu prestígio crescesse. Em certa ocasião, para reconciliar-se com o Papa Sisto IV, por exemplo, enviou um time de pintores toscanos, dentre estes Sandro Botticelli, para que fizessem afrescos na capela Sistina. Também Recomendou Leonardo Da Vinci a Ludovico do Moro, em Milão.

    Foi um dos homens mais representativos da História italiana, com muito poder de Estado e consciência de sua cultura, sendo apaixonado pelo Humanismo e pelas artes em geral. Era rico, elegante, galante, generoso, e sabia valer-se de suas habilidades para impressionar. Diz-se que possuía uma voz horrorosa, mas conquistava as pessoas por sua inteligência e por sua beleza física.

    Casou-se com Clarice Orsini e com ela teve oito filhos. Lutou para que Florença – e a Toscana fossem repúblicas, com governos autônomos e liberdade de decisão, como a própria palavra sinaliza – Res Publica – coisa pública, que a todos pertence, e é governada por cidadãos eleitos pelo povo.

    Morreu de gota, como seu pai, aos 43 anos de idade. Nascia o mito. Por sua capacidade de governar, seu amor pela arte e pela cultura e suas características mais amenas e menos ditatoriais do que as observadas em seus antecessores e sucessores, Lorenzo, o Magnífico, entrou para a História, e Florença respira sua influência e seu legado até hoje.

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