Legado
Santo Agostinho e o exemplo de mudança e fé
Dia 28 agosto marca a data de celebração religioso cristão
O sofrimento é a oportunidade que Deus nos concede, de estarmos mais próximos dele, evoluindo na santidade"
Dia 28 de agosto foi dia desse santo da igreja católica, que abandonou uma vida cheia de excessos, para converter-se aos ensinamentos de Jesus. Trata-se de SANTO AGOSTINHO.
Aurélio Agostinho de Hipona, também conhecido como Agostinho de Hipona, o mais importante padre da igreja, no Ocidente, nasceu em Tagaste, na Argélia, em 13 de novembro de 354 d.C, sendo o primeiro filho de um pai pagão e uma mãe católica.
Tendo levado uma vida absolutamente desregrada, envolvido com prostitutas, amantes, bebida, jogo e muito mais, Agostinho foi um filho problemático, um jovem rebelde, um hedonista sem limites, aventureiro e mulherengo, em uma busca desenfreada pelo prazer.
Agostinho fazia pouco caso da vida cristã, muito embora sua mãe fosse uma católica fervorosa. Aos 11 anos de idade, foi enviado para Madaura, onde teve o seu primeiro contato com a literatura e a retórica. Estudou física, música, matemática e filosofia.
Em 371, foi para Cartago, a segunda maior cidade do Ocidente, só perdendo para Roma. Por ser um grande centro de cultura pagã, com muitas cerimônias e ritos, Agostinho apaixonou-se e passou a praticá-los.
Aprofundou-se nos estudos de retórica e eloquência, tornando-se professor em Cartago. De lá, migrou para Roma, em 383 d.C, onde abriu sua própria escola, até ser chamado para a corte imperial, em Milão, como mestre de eloquência.
Era um homem inquieto. Teve um filho, Adeodato, com uma cartaginense, com a qual mantinha um relacionamento secreto.
Estudou muitos assuntos, passeando pelos textos bíblicos, pelo esoterismo, pela astrologia...
Por 12 anos, seguiu Mani, profeta do maniqueísmo, que acreditava na oposição absoluta entre o bem e o mal, o que isentaria o homem de seus pecados, na hipótese de já nascer mau. A grande confusão de cosmovisões fez com que ele pulasse de doutrina em doutrina, inclusive o Ceticismo, na medida em que não encontrava as respostas que buscava.
Conversão
Até que, em busca de uma colocação como professor, procurou o Bispo Ambrósio. Santo Ambrósio, então, influenciou-o profundamente, na medida que começou a lhe oferecer as respostas que tanto buscava. Após uma profunda crise espiritual, e tendo lido a Carta de Paulo aos romanos e os sermões de Santo Antão, converteu-se ao catolicismo e foi batizado, juntamente com seu filho.
Retornou a Tagaste, após a morte de sua mãe (que é hoje Santa Mônica) e a de seu filho, também. Vendeu todos os seus bens, mantendo apenas a casa da família, que tornou-se a sede da Ordem Agostiniana. Nomeado padre em Hipona, sagrou-se bispo 6 anos depois, tornando-se um dos pilares da teologia católica de sua época. Por 34 anos, permaneceu pregando a palavra de Cristo.
Hoje, 1700 anos após sua morte, milhares de intelectuais baseiam-se em suas obras. Santo Agostinho deixou 113 obras. Recebeu o título honoris causa de Doutor da Igreja, que é raríssimo, tendo sido concedido tão somente a outras 34 pessoas. Por seus conhecimentos em teologia e doutrina católica, fez jus à honraria.
Morreu em 430 em Hipona, deixando um imenso legado. Teologia, filosofia, comentários bíblicos, sermões, cartas, ensinamentos em teologia, e as famosas obras Cidade de Deus e Confissões.
Legado
Seus escritos sobre filosofia e teologia, defendendo, como um dos primeiros autores do Cristianismo, que o ser humano é a união de corpo e alma, fisico e razão, fizeram dele o gigante que tornou-se, inaugurando a Era Patrística, dos Pais da Igreja, da fundação e consolidação das bases do catolicismo.
Trouxe a noção de Pecado Original. De ser a Igreja de Cristo a cidade espiritual de Deus. De que a origem do mal está no livre arbítrio - o mal entrou no mundo pela liberdade de escolha que Deus deu às criaturas. Dizia que a FÉ é o caminho para a verdade, e a RAZÃO é o recurso que a sustenta.
Adaptou a obra de Platão, o neoplatonismo de Plotino, o Idealismo. Sempre defendeu que a verdadeira realidade está no mundo das ideias. Aprimorou o tema das virtudes, dizendo que rico é aquele que tem como BEM, aquilo que não se perde por uma eventualidade ou circunstância, o que sempre carregará consigo.
Sedimenta, assim, um caminho de estudo de filosofia aliada à teologia e à religião, evidenciando que o bem maior que se busca, no Cristianismo, converge para o bem maior de que sempre tratou a filosofia, desde o tempo de Platão e Aristóteles.
O aprimoramento das virtudes e da vida interior, para Santo Agostinho, pavimenta o percurso para a elevação da alma ao altíssimo, sendo o único caminho para a felicidade.
Faleceu em 430, no dia 28 de agosto, data em que até hoje é homenageado, um dia após sua amada mãe, na igreja Católica. Foi canonizado por aclamação popular, e o título de Doutor da Igreja foi-lhe concedido no ano de 1292, pelo papa Bonifácio VIII.
Em seu livro Confissões, narrou seus excessos da juventude, a vida desregrada que levou, para que servisse de bússola e alerta para os mais jovens. Já em Cidade de Deus, escrita para consolar os romanos, pela invasão dos visigodos, defendeu o Cristianismo e convidava todos ao conhecimento da História.
Coincidência ou não, assisti a um filme no HBO Max, na noite de sábado, que retrata a trajetória de um padre, cuja conversão também deu-se tardiamente, após o abandono de uma vida de prazeres, excessos, violência e ateísmo. Vale conferir FATHER STU, com Mark Whelberg.
Foi do filme que extraí uma fala, que ora lhes reproduzo: “O sofrimento é a oportunidade que Deus nos concede de estarmos mais próximos dele, evoluindo na santidade. Quanto maior o sofrimento, mais abençoados somos”.
Texto extraído do site Tribuna Diária
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