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    Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

    Personalidade e temperamento

    Publicado 09/09/2021 às 21:25 | Atualizado em 09/09/2021 às 21:56 | Autor: Enfoco
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    Imagem ilustrativa da imagem Personalidade e temperamento
    |  Foto: Foto: Marcelo Tavares
    Todos nós temos uma personalidade. Essa, diferentemente do nosso temperamento, pode ir aperfeiçoando-se ao longo do tempo. Foto: Marcelo Tavares

    Assisti a 4 aulas sensacionais, ministradas pelo psiquiatra Saulo P Barbosa, sobre temas atinentes à evolução pessoal. O Dr Saulo é mineiro, e faz parte desse grupo de médicos e terapeutas, capitaneado por Italo Marsili, que não bebem da fonte de Freud, ou seja: não acreditam que o passado deve reger a sua vida e delimitar para todo o sempre as suas escolhas.  

    Essa turma de trinta e poucos anos está popularizando uma nova forma de analisar-se a história de cada pessoa, por meio de ensinamentos que se parecem muito com a logoterapia (ciência criada por Viktor Frankl, psiquiatra austríaco que quase morreu em um campo de concentração, e tornou-se um símbolo na busca pelo sentido da vida).  

    Para eles, o que importa, na trajetória de alguém, não é o que esse indivíduo viveu, mas sim o que fez para superar as dificuldades, e aperfeiçoar sua personalidade, desejando melhorar e deixar uma marca no mundo. O que faz a diferença é como você articulará o que se passou, é como você vai contar a sua história. 

    Todos nós temos uma personalidade. Essa, diferentemente do nosso temperamento (que é imutável), pode ir aperfeiçoando-se, transformando-se ao longo do tempo. Muito embora o temperamento com que cada um nasce, seja responsável por imprimir-lhe características, o que norteia a vida é a personalidade, ou seja, é o modo como você lidará com as circunstâncias que você tem.  

    Desse modo, podemos dizer que podemos chegar ao fim da vida, agindo de forma completamente diversa da que nos comportávamos aos 18 anos de idade, podendo dar nosso último suspiro aliviados e em paz, ou frustrados e angustiados, conforme tenhamos preenchido nossa existência com sentido, ou jogado nossa oportunidade no lixo. 

    Diferentemente dos animais, nós nascemos dotados de consciência, capacidade de analisar nossos atos e escolhas, e de sofrer ou regozijarmo-nos por estes. Essa consciência funciona como uma bússola, a qual nos aponta o caminho a seguir, e é a nossa personalidade que dirá como reagiremos às diretrizes.  

    Também nascemos dotados de vontade, e é o aperfeiçoamento dessa vontade, para que não nos percamos no hedonismo e nos prazeres fáceis, que nos conduzirá a uma vida com uma razão, um propósito. Uma personalidade imatura não conseguirá tomar boas decisões. Será dominada pelos instintos e paixões, não demonstrará capacidade de sacrificar-se por um bem maior. Não adiará a gratificação ou medirá as consequências., desperdiçando seus talentos.  

    Vivemos em uma época que não estimula o desenvolvimento da personalidade. As pessoas comportam-se como adolescentes mimados, evitando os problemas, anestesiando-se com fugas, em um círculo vicioso egoístico que levará ao tédio e à depressão. O que se defende e propaga é que o que vale é o agora, sem que se reflita sobre o porquê de estamos aqui. 

    Antes, era bem simples, para os seres humanos, saberem qual era o propósito de suas vidas: lutarem pela sobrevivência e darem suporte ao seu núcleo familiar e à comunidade em que estavam inseridos. O homem caçava, guerreava, pescava, defendia os seus. A mulher educava os filhos, ensinava, cuidava de todos, protegia e dava estabilidade ao lar. Eles eram complementares, um indispensável para o outro.  

    O sentido de suas vidas estava ali, exposto e claro, sem que houvesse contestação, disputa ou vitimismo: a sociedade funcionava com o esforço de todos, e cada qual desempenhava um papel fundamental. A personalidade de cada um ia amadurecendo e florescendo, e cada um doava, para a comunidade, o que de melhor tivesse em si,  descobrindo sua vocação e dando suporte aos demais.  

    A vida não se baseava em prazer. O trabalho edificava, a religião consolava e a família e os amigos amparavam, nas dificuldades e tristezas inerentes à existência. A felicidade não era algo perseguido, mas sim a consequência de uma personalidade bem desenvolvida. Era um bônus, que derivava do esforço pessoal de cada um, para tornar-se melhor a cada dia, e utilizar bem os dons que lhe foram concedidos por Deus. 

    Acontece que, hoje em dia, consideramos a felicidade um direito conquistado com o nascimento. Todos querem mergulhar no mar da felicidade, mas poucos aceitam enfrentar as ondas e tormentas a este inerentes. Poucos querem nadar, a fim de descobrirem o que há depois. Sem apossarem-se de suas personalidades, acabam se afogando. 

    Existem 4 tipos de temperamento, estudados desde 350 A.C, para explicarem-se os humoes e os fluidos corporais. Desde então, foram surgindo muitos entusiastas desta classificação, aí incluindo-se Hipócrates, e estes mantém-se inalterados, até hoje.   

    As pessoas podem ter temperamento sanguíneo, colérico, fleumático ou melancólico. Através das características com as quais nascem, que baseiam-se nos 4 elementos do universo ( água, fogo, ar e terra), os indivíduos podem ser mais intensos ou moderados, extrovertidos ou introvertidos, calmos ou passionais, ousados ou tímidos.  

    Entretanto, colocar a culpa de tudo que acontece no destino ou no temperamento, e dizer que suas escolhas seguem um padrão e são imutáveis, é jogar fora a possibilidade de aprimorar sua personalidade, e burilar seu modo de agir e de responder aos estímulos. Todos nós podemos evoluir, melhorar nosso comportamento, fazer escolhas melhores.  

    Se você é um colérico briguento, um fleumático acomodado, um sanguíneo disperso ou um melancólico reclamão, pode exercitar o autoconhecimento, e sabendo de suas dificuldades, exercer um papel ativo de mudança em sua própria vida. O seu temperamento jamais deixará de ser aquele com o qual você nasceu, mas é possível, sim, atenuar características e reações. 

    Muito embora o estudo dos quatro temperamentos nos sirva de manual , não pode servir-nos de álibi, para que tenhamos carta branca para agirmos, conforme desejarmos, desprezando a possibilidade de sermos melhores, esquivando-nos de nossos pecados.  

    A busca incessante pela evolução pessoal é o que forja a nossa personalidade, burila nosso temperamento e ajuda-nos a encontrar o sentido da vida, permitindo-nos aproveitar os momentos felizes que apresentam-se pelo caminho.  

    Ser feliz é estar convicto de sua missão e confortável no papel que você desempenha, e que lhe foi concedido por Deus.  

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