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    'John Adams' conta história do segundo presidente dos EUA

    Político era defensor da paz, prosperidade e liberdade do país

    Publicado 08/02/2023 às 20:21 | Autor: Enfoco
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    A série é transmitida no canal HBO Max
    A série é transmitida no canal HBO Max |  Foto: Divulgação

    A série John Adams, do HBO Max, é daquelas que valem a máxima “we save the best for last” (nós guardamos o melhor para o final). Há anos propondo-me a conhecer mais, sobre a vida deste homem extraordinário, porém muito incompreendido, que foi o segundo presidente dos Estados Unidos. 

    John Adams sucedeu o general George Washington, após dois mandatos daquele. Foi eleito por uma apertada margem de três votos, à frente de Thomas Jefferson, que tornou-se, então, seu vice-presidente. Decidi-me por, antes de saber mais sobre ele, estudar profundamente a história de todos os pais fundadores dos EUA ( the founding fathers), para, só então, aprofundar-me neste que foi, sem dúvida, um dos principais defensores da paz, da prosperidade, da autonomia e da liberdade de seu país.  

    Advogado talentoso em Boston, nos idos de 1770, Adams fez parte do movimento pró-independência, firmando-se como diplomático, moderado e imparcial, sobretudo durante o episódio do julgamento de soldados britânicos, aos quais defendeu, após acusações de que haviam aberto fogo, contra a população desarmada. John não só foi o advogado de defesa, como levantou a bandeira de que, em um país livre, todo acusado tem direito a um julgamento justo. 

    Casado com Abigail Adams, teve quatro filhos, dois dos quais faleceram, na vida adulta. Um de seus filhos, John Quincy Adams, veio a ser o sexo presidente dos Estados Unidos, honrando o legado recebido de seu pai e fortalecendo a Federação . 

    John Adams foi fundamental, em diversos momentos críticos da história da independência dos EUA, capitaneada por homens de coragem, repleta de reviravoltas, batalhas sangrentas, tratados de paz, apoio estrangeiro. Ombreado com homens como George Washington, Benjamim Franklin, Alexander Hamilton, Thomas Jefferson, James Madison e tantos outros, foi abrindo caminho, em meio ao caos, para que os EUA tornassem-se uma nação autônoma e forte, respeitada por todas as outras. 

    Sua esposa foi sua grande incentivadora e conselheira. Permaneceram durante longos anos separados, na época em que, acompanhado de seu filho John, foi adido na França, juntamente com Benjamin Franklin, funcionando como diplomata, alinhavando apoio financeiro e militar, a fim de garantir a vitória de seu país, na guerra da Independência contra a Inglaterra. 

    Homem de princípios éticos, envergadura moral e grandes propósitos, tendo sido, por isso mesmo, mal interpretado, em muitas ocasiões, John Adams tinha um elevado senso de dever, colocando sua missão acima de seus interesses pessoais e de seus desejos, quando era instado a escolher.  

    Criou os filhos desse mesmo modo, e tinha na esposa uma grande aliada, nesses nobres propósitos e objetivos, que nortearam sua vida e forjaram seu caráter. Abigail Adams foi uma grande mulher, sacrificando-se pela família e por seu país, ao longo de toda a vida.  

    Apesar dos fortes laços de amizade, que uniam-no a Thomas Jefferson, divergências políticas forma distanciando-os, até o ponto de um triste rompimento, quando Jefferson foi eleito para a presidência dos EUA, tendo plantado notícias falsas contra o amigo, em uma clara traição.

    Não reeleito para um segundo mandato e extremamente decepcionado e magoado com a postura de Jefferson, bem como com a imagem pública que foi construída a seu respeito, John Adams recolheu-se da vida pública, sequer comparecendo à posse do antigo aliado. 

    John Adams foi um grande presidente, abrindo mão de deflagrar uma guerra contra a França, mesmo sabendo que isso lhe custaria a reeleição. Disse, inúmeras vezes, que não haveria vitória a comemorar, caso esta fosse amparada na guerra. Manteve o país em paz, apostando em um acordo, que viria. E veio.  

    Viveu uma vida simples, abdicou do luxo e da ostentação, embora fosse um homem extremamente culto, que incluía em suas conversas citações de filósofos gregos, com frases em latim, parábolas, histórias  e ensinamentos milenares. Foi muito sábio, aplicando seu conhecimento para a resolução de conflitos e a busca de alternativas.  

    Adams foi, juntamente com outros pais fundadores, arquiteto da Constituição dos EUA e das diretrizes da nova nação, que sempre prezou a liberdade, a independência e a busca da felicidade, princípios defendidos até hoje. 

    No fim de sua vida, após a morte da esposa, exilado em sua fazenda, iniciou uma extensa troca de correspondência com Thomas Jefferson, tendo os amigos, então, tido a oportunidade de passarem suas vidas e trajetórias a limpo, deixando para trás os erros e as diferenças do passado.  

    Morreram, ambos, no mesmo dia 4 de julho, cada um em seu refúgio – Jefferson também vivia retirado, em sua propriedade, Monticello – por coincidência, na data em que se comemora a independência dos Estados Unidos. As últimas palavras de John Adams foram: Thomas Jefferson sobrevive.  

    Um dos pais fundadores dos EUA, pai de família, esposo, advogado, fazendeiro, erudito, estudioso, sábio. Um grande homem, retrato de um tempo que não volta mais, no qual honra, ética, valores e virtudes eram celebrados e reconhecidos, como os grandes tesouros da vida.  

    A derrocada de uma civilização percebe-se, claramente, quando não se prezam mais os valores e as virtudes, no seio de uma sociedade. Em verdade, quando estes sequer são identificados ou perseguidos. Simplesmente, não fazem mais parte do imaginário da coletividade, que vai vivendo desprovida de todo e qualquer senso crítico ou ético.  

    Vivemos essa triste realidade, na qual poucos são os grandes homens que destacam-se, por suas qualidades e feitos, na cena pública. Por isso, precisamos ler os clássicos, as biografias de grandes personalidades, aprender História e filosofia, a fim de lembrarmo-nos do bom, do justo e do virtuoso, tão necessários , mas tão esquecidos, em nosso tempo.

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