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    Harry e Meghan

    Na série o casal conta como tudo começou entre eles

    Publicado 28/12/2022 às 16:19 | Autor: Enfoco
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    A série foi lançada no dia 8 de dezembro
    A série foi lançada no dia 8 de dezembro |  Foto: Divulgação

    Resolvi despir-me do preconceito e assistir à minissérie da Netflix, sobre o duque e a duquesa de Sussex, os quais abdicaram de seus deveres para com a coroa, em nome de uma vida sem paparazzi e com paz. Será?

    A história de vida do príncipe Harry, todos nós conhecemos, ainda que por alto. Filho do Príncipe Charles e da Princesa Diana, ainda criança vivenciou o sofrimento, pelo falecimento prematuro da mãe, em Paris, em um acidente de carro. Foi criado pelo pai e pela avó.

    Tendo nascido em meio às regras da realeza, Harry, por não ser o sucessor direto de seu pai, foi mais poupado que o irmão, William, das expectativas da coroa. William é o primeiro na linha de sucessão de seu pai, Charles, atual monarca britânico, que herdou a coroa de sua recém falecida mãe, Elizabeth.

    O príncipe estudou em Eton, um colégio exclusivo para milionários europeus. Viajou o mundo, serviu por dez anos nas forças armadas, abraçou um  trabalho voluntário em Botswana ... enfim, fez as próprias escolhas, mesmo nascendo em berço esplêndido, no seio da monarquia mais poderosa do mundo.

    Nada disso, entretanto, afastou-o do chororô vitimista, de que “não teve liberdade, foi vigiado a vida inteira pela imprensa, teve suas decisões julgadas e publicizadas, sem que ninguém tenha desejado saber quem era, no fundo, o verdadeiro Harry,. Seu discurso era : sofria a perda da mãe, que fora demonizada pela mídia, após o divórcio de seu pai”. Isso é dito exaustivamente por ele mesmo, na minissérie.

    Ao conhecer Meghan,  pelo Instagram, Harry teria imediatamente se apaixonado, mantendo o relacionamento em segredo, para poupá-la. Viajaram para Botswana juntos, onde puderam conhecer-se melhor, e somente após três meses, anunciaram o envolvimento amoroso. Meghan, que já era famosa nos EUA, tornou-se uma celebridade mundial, em questão de segundos. Suas origens e seu posicionamento político vieram à tona.

    A criação de Meghan foi oposta à do príncipe. Americana, filha de mãe negra e pai branco, a atriz foi criada por ambos os pais, em um subúrbio californiano, frequentando os bastidores do trabalho do pai, que era iluminador de tv. Tornou-se, após vários testes,  protagonista da série de tv Suits. Firmou-se como feminista e ativista política, pelos direitos dos negros e das minorias. Tudo que o Palácio Real evitava – polêmica – era oferecido de bandeja, neste namoro, à imprensa e à opinião pública.

    Ainda assim, a escolha de Harry foi respeitada, pela família real. Entretanto, como toda pessoa autocentrada, adepta do “discurso de ódio” e do vitimismo, Meghan incomodava-se, não somente com a imprensa, mas com qualquer coisa que remetesse a um passado “racista e escravocrata”, da Coroa Britânica, sentindo-se estigmatizada.

    Até mesmo um broche, utilizado por uma tia de Harry, com inspiração africana, incomodou-a, em uma solenidade. A palavra “nigger” (negro), aliás, não é sequer pronunciada por ela ou pelo esposo. Como se tudo girasse em torno de si, e todas as pessoas preocupassem-se com suas opiniões, a todo instante, Meghan seguiu adiante, sentindo-se discriminada por ser birracial, e por defender seus posicionamentos com “independência”.

    Meghan, com ar pesaroso, esclarece, na série, que foi incessantemente perseguida pela mídia, fotografada em todos os lugares e situações, teve a vida exposta e suas polêmicas declarações sobre racismo e feminismo publicadas na mídia. Diz que sempre foi muito solitária, e que viu na família real a chance de ter “muitos parentes” e sentir-se acolhida, tendo se decepcionado com muitas coisas. Diz, ainda, que tinha, por hábito, despedir-se das amigas , em mensagens, com a expressão “love happens”, e que tudo que buscava, em sua relação, era amor, de seu marido e dos familiares deste.

    Contou ainda, que aprendeu as reverências e as vestimentas adequadas, para frequentar as solenidades das quais passou a fazer parte, “no google”, que nunca foi orientada sobre o que dizer, como se comportar ou acerca do impacto de suas atitudes, no cenário real, tendo ficado “perplexa” com a invasão de sua privacidade e as notícias “maldosas” –com as quais a família real foi conivente - envolvendo seu nome e seus familiares.

    O curioso é que não tenha passado, pela cabeça do casal, que isso tudo aconteceria... Harry foi criado nesta família, e acompanhou o escândalo que envolveu o caso amoroso de seu pai, Charles, com a hoje esposa, Camila Parkes Bowles. Viu sua mãe chorar, ressentir-se e até vitimizar-se publicamente. Sabia que a imprensa não iria ser “neutra” ou “civilizada”. Ele mesmo fora vitima dos tablóides , inúmeras vezes,  acusado de consumo de drogas, bebedeiras, brigas...

    Ao escolher uma esposa tão diferente de si mesmo e de sua família, que ostenta o título mais longevo do mundo, em termos de monarquia, honrando a discrição e a tradição, o que ele imaginava? Os escândalos sucediam-se, em uma profusão incontrolável. O pai de Meghan vendeu fotos, por cem mil dólares. A meia irmã revelou intimidades da noiva, o que fez com que não fossem convidados para o casamento, e Meghan entrasse na igreja com o sogro. Prato cheio para a imprensa refestelar-se.

    Sobretudo, Harry optou por fazer coro ao discurso de “perseguição”, “palavras machucam”, “misoginia” e “racismo” da mulher, esquecendo-se que a noção de honra e de dever, é o que os liga à coroa. Há, ainda, a tradição e a submissão às regras familiares, vindo o sustento da família real, dos impostos dos contribuintes, justamente pelo que esta representa, para seu povo. Os privilégios e títulos têm seu preço: nada , nesta vida, nos é dado graciosamente, sem que tenhamos que ofertar algo em troca.

    Tamanha ingenuidade não pode ter sido fomentada, em Harry, por seus parentes e preceptores. Afinal, ele é neto de Elizabeth, que subiu ao trono por acaso, pois o tio renunciou à coroa, por uma mulher divorciada, vindo seu pai a falecer, pouco tempo depois.  Coube à jovem de 26 anos, recém casada e mãe de primeira viagem, a árdua tarefa de governar o Reino Unido.

    Em um momento histórico extremamente desafiador, subiu ao trono,   tendo desempenhado sua missão, com maestria e sabedoria,  por longos 70 anos.  Todo o senso de dever, aliado à vontade divina, foi personificado naquela jovem, em sua coroação, e durante seu reinado, no qual manteve-se à sombra dos holofotes. Abdicar de prazeres terrenos, colocando Deus e a coroa acima de todas as outras coisas, tendo isso como missão sagrada, é a  nobre função de um monarca, extensiva à sua família.

    Enquanto o mundo moderno não abandonar essas narrativas egocêntricas e vitimistas, para concentrar-se no que realmente imposta, teremos casos similares ao desse casal, que abandonou seus deveres – os quais juraram defender – por uma vida repleta de prazeres e privilégios, de gratificação e reconhecimento, rompendo com a família e criando uma bolha de convivência, na qual as únicas regras válidas, são as estabelecidas por eles próprios.

    O casal, que “lutou” por privacidade, preservação da intimidade, bem como para pôr fim a boatos e notícias a seu respeito, utilizando esses fatos, como argumentos, para renunciar a seus deveres reais, resolveu, curiosamente, manter-se em evidência.

    Harry segue com o título de príncipe, e ele e a esposa não perderam seus títulos de Duque e Duquesa de Sussex. Por não receberem mais dinheiro da realeza, face à abdicação das funções reais oficiais, investem na produção de programas de televisão e podcasts, tendo assinado um contrário milionário com a Netflix. Também escrevem livros, tais como a autobiografia de Harry, que será lançada em 2023. A superexposição, no fim das contas, rendeu altos dividendos...

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