Qual o limite de idade para ser mãe?

Quem tem filhos sabe que não é fácil criá-los. Ainda mais quando se trata de casais separados e que assumem novas relações. Entra em cena o papel da madrasta, inserida em um contexto familiar, mas não em sua plenitude. 

O novo drama “Os Filhos dos Outros”, da cineasta e roteirista francesa Rebecca Zlotowski, evidencia o tema do ponto de vista de uma professora de meia idade, que conhece um novo namorado que tem uma filha de quatro anos e acaba tendo seu desejo de ser mãe aflorado. 

A diretora Rebecca Zlotowski chega ao seu quinto longa e revela que a trama foi inspirada em suas próprias experiências, depois de ler um romance do escritor francês, Romain Gary.

Rachel (Virginie Efira) tem 40 anos e é professora. No vai e vem de suas relações amorosas, ela encontra o designer de carros Ali, vivido pelo ator franco-marroquino Roschdy Zem. Os dois se apaixonam e no meio do tórrido romance, está Leila, de quatro anos, fruto de uma relação anterior de Ali. 

Do apego à menina aos pedidos de atenção com tarefas simples, como trabalhar enquanto a pequena mostra alguma estripulia, estão os amores e desejos relacionados à maternidade. A aproximação de Rachel acontece não só com o novo namorado, mas com a família inteira. Até onde estamos dispostos a ir quando se ama os filhos de outros?

Longa é o quinto da diretora francesa Rebecca Zlotowski

Os laços vão se estreitando pouco a pouco e Rachel se vê completamente inserida naquele contexto, com idas a uma atividade extra escolar da menina e conversa com outras mães, além de um desenho, feito por Leila, retratando o pai, a madrasta, a mãe e ela mesma. A diretora faz questão de trazer para o centro da história a frieza e a crueldade que a relação vai, aos poucos, ganhando. 

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Os conflitos da situação começam a acontecer principalmente pela dualidade da causa: de um lado, ela tem o desejo de ser mãe aflorado pelo cotidiano que agora está. Do outro, a idade avançada acaba sendo um impeditivo para apenas estar naquele papel. Na relação, há a família, os risos, as brincadeiras, as viagens. Mas no fundo não existe a mãe que Rachel tanto quer ser e acaba sendo emprestada. 

O longa tem estreia prevista para esta quinta (5) nos cinemas brasileiros, e toca no papel central e amplamente debatido sobre qual o limite de idade para ser mãe. Aos olhos da sociedade, esse conceito pode parecer uma imposição. Aos olhos de pessoas que se veem inseridas nele, apenas uma forma de teste antes da decisão que vai mudar para sempre a vida.